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undada em 2015 pelos acionistas do grupo far-
macêutico Hovione, a empresa de capital de risco
Hovione Capital investe em projetos da área das
ciências da vida, com primazia para a Europa.
Como se decide na Hovione Capital apoiar uma ideia/
empresa?
Investimos em empresas inovadoras da área da saúde,
por toda a Europa, que estão a desenvolver novos
produtos terapêuticos, dispositivos médicos ou pro-
dutos de saúde digital. Antes de decidir, analisamos
vários elementos do projeto, como a equipa de gestão
e desenvolvimento, a tecnologia e a propriedade inte-
lectual. A equipa deve ter um elevado conhecimento
técnico e também, de preferência, experiência comer-
cial/industrial relevante no sector onde pretendem
lançar o novo produto. A tecnologia tem que ter o
potencial de melhorar significativamente a saúde
dos pacientes a que se destina, sendo diferenciada e
superior a outras concorrentes. A propriedade inte-
DINHEIRO
& CONSELHOS
lectual, principalmente em empresas que estejam a
desenvolver novos dispositivos médicos ou produtos
terapêuticos, é também muito importante, pois só
assim garantimos proteção de mercado, fundamental
para rentabilizar o elevado investimento de que este
tipo de produtos necessita para chegar ao mercado.
Além do financiamento que outros apoios são pres-
tados?
Temos uma equipa especializada no setor da saúde,
incluindo cientistas doutorados e executivos com
várias décadas de experiência na área e por isso
conseguimos auxiliar as empresas a vários níveis.
Ajudamos na escrita e submissão das patentes; no de-
senho do seu plano de desenvolvimento. É frequente
trabalharmos lado a lado com as nossas empresas a
planificar as experiências que têm que desenvolver
em animais, ajudá-los a recrutar Advisors e a conec-
tá-los com investidores internacionais.
Como irá evoluir a área das Ciências da Vida nos
próximos anos?
Temos assistido a grandes desenvolvimentos na área
da saúde, com a chegada ao mercado de novas tera-
pias e dispositivos médicos com inúmeros benefícios
para a saúde de todos nós. Prevejo que esta tendência
continuará e até será acelerada, já que há empreen-
dedores a conseguirem angariar investimentos cada
vez maiores para financiar os seus projetos. Esta
tendência tem-se verificado também em Portugal,
com vários fundos de capital de risco a investir nesta
área e com a comunidade científica cada vez mais
motivada para o empreendedorismo, para além de
um ecossistema cada vez mais bem preparado para
apoiar a formação de empresas nesta área.
Que setores irão destacar-se?
A tendência será o aparecimento de tratamentos
cada vez mais personalizados de modo a aumentar
a eficácia e diminuir os efeitos secundários, já que
cada paciente tem uma resposta única à terapia. Por
exemplo, na área da Oncologia surgirão cada vez mais
terapias celulares desenvolvidas especificamente
para cada doente.
Bioquímico de formação
e com um doutoramento
em Harvard/MIT em
Biologia Molecular, na
área do cancro, está
há um ano à frente da
Hovione Capital.
RICARDO PERDIGÃO
HENRIQUES
Foto
José Carlos Carvalho