(20201100-PT) Exame Informática 305

(NONE2021) #1
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OPINIÃO


CONTEÚDO PROMOCIONAL

A PANDEMIA


E OS NOVOS


DESAFIOS DA


CIBERSEGURANÇA


Q


ue a pandemia de Covid-19 veio acelerar o pro-
cesso de transição para uma sociedade cada
vez mais digital já ninguém duvida. Dados da
consultora Deloitte referem uma aceleração
digital de cinco anos em apenas três meses – é caso
para dizer que o vírus tornou-se um dos principais
catalisadores da transformação digital na vida dos
cidadãos e das organizações durante o período de
confinamento, em que se registou um aumento do co-
mércio online, do teletrabalho e do ensino à distância.
Mas como qualquer mudança estrutural, a pandemia
trouxe consigo numerosos desafios e a segurança em
torno da presença na internet foi posta à prova.
Segundo o Observatório de Cibersegurança, conta-
bilizaram-se, em Portugal, mais de 400 incidentes
relacionados com o cibercrime em março, abril e maio.
O fenómeno, no entanto, teve repercussão à escala
global e levou a Google a reportar mais de 18 milhões
de emails diários de malware e phishing diretamente
relacionados com a Covid-19, além das mais de 240
milhões de mensagens de spam diárias sobre o tema.
A necessidade permanente de aceder a informação so-
bre a pandemia motivou igualmente o registo abusivo
de nomes de domínio contendo palavras associadas à
terminologia Covid. No que diz respeito a incidentes
de segurança reportados nos nossos canais, identifi-
cámos um aumento de mais de 200% face ao período
homólogo de 2019, o que revela o risco de exposição
a que estão sujeitos os dispositivos e serviços a nível
global perante esta nova realidade.
Os números não são animadores e a previsão é que
permaneçam elevados por força do crescimento das
atividades online e pela ausência de uma política de

cibersegurança no nosso tecido empresarial, a que se
junta ainda uma elevada iliteracia digital.
Para fazer face aos novos desafios provocados pela
pandemia, é fundamental que as empresas coloquem
a cibersegurança no centro das suas prioridades e
garantam as infraestruturas necessárias, de forma a
antecipar ameaças, mas também que reforcem as com-
ponentes de formação e comunicação junto dos seus
colaboradores para evitar a proliferação de mensagens
com conteúdo fraudulento. Do lado dos Governos,
estes devem ter a capacidade de criar programas que
permitam combater a exclusão digital, de forma a
dotar a população de competências digitais básicas,
sendo em Portugal preocupação central no Plano de
Transição Digital e na Iniciativa Nacional Competên-
cias Digitais e.2030.
Enquanto responsável pela gestão do domínio de topo
nacional, e igualmente na sua qualidade de operador
de serviços essenciais, à luz da Lei 46/2018, de 13 de
agosto, o .PT tem vindo a colaborar com as entidades
nacionais competentes em matéria de cibersegurança,
mantendo já, a nível internacional, um diálogo cons-
tante com o CENTR – Council of European National
Top-Level Domain Registries e outros congéneres
europeus.
Em cooperação com a Autoridade Nacional de Ciber-
segurança, o .PT disponibiliza, desde 2019, a plata-
forma webcheck.pt, que auxilia cidadãos e entidades
a verificar, em tempo real, o nível de conformidade
de um domínio com os mais recentes padrões para a
comunicação segura entre sistemas. Ao fim de um ano,
mais de 13 mil utilizadores já verificaram os níveis de
segurança de websites e correio eletrónico, através
de mais de 20 mil testes realizados. Com o objetivo
de acelerar a capacidade de resposta a incidentes e
ameaças cibernéticas, o .PT implementou um Centro
de Operações de Segurança, com o apoio da Comissão
Europeia.
Só através de uma colaboração estreita e de uma res-
ponsabilidade partilhada localmente, mas também
além-fronteiras, entre Governos, entidades com-
petentes e comunidade de utilizadores, poderemos
responder eficazmente aos novos desafios da ciber-
segurança e preservar a internet enquanto um espaço
aberto, seguro e para todos.

LUÍSA RIBEIRO LOPES
PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETIVO DO .PT
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