(20201100-PT) Exame Informática 305

(NONE2021) #1
94

NOTA FINAL

ALTOS E BAIXOS

+

A


premissa do jogo fez-nos pensar que a Mar-
vel fosse assumir uma postura arrojada e
arriscar num argumento mais sombrio. Afi-
nal de contas, a história começa no A-Day, um dia
que São Francisco dedica ao grupo de super-heróis
e no qual os Vingadores vão apresentar uma nova
sede. Contudo, um ataque na icónica ponte Golden
Gate conduz a um acidente com um porta-aviões
aéreo alimentado por uma fonte de energia expe-
rimental. Resultado: um acidente catastrófico em
que milhares de pessoas ganham mutações. Este
início de narrativa está bem conseguido e dá-nos
logo a possibilidade de jogar um pouco com cada um
dos Avengers – Capitão América, Iron Man, Hulk,
Viúva Negra e Thor. É uma espécie de aperitivo,
que permite que nos apercebamos rapidamente
que cada um deles tem características próprias que
impactam na respetiva jogabilidade. Por exemplo,
Thor e Iron Man conseguem voar e, respetivamente,
arremessar o martelo ou disparar os propulsores.
Os outros heróis podem saltar, mas dedicam-se a
uma ação mais terrena.
Mas é igualmente nesta fase inicial que perce-
bemos que não vamos embarcar numa jornada
sombria como em, por exemplo, The Last Of Us II,
já que assumimos o papel de Kamala Khan, uma
adolescente fã dos Vingadores que nos coloca pe-
rante um argumento algo pueril, que apela clara-
mente a um público-alvo jovem e que relega para
segundo plano o desenvolvimento de personagens
complexas. Kamala Khan acaba por ser uma das
vítimas do A-Day, passando a ter a capacidade de
esticar os braços e pernas. Como os Avengers foram
responsabilizados pelo desastre, o grupo dissolve-se
e retomamos o jogo cinco anos depois, com uma
Kamala Khan apostada em reunir os super-heróis
depois de descobrir uma conspiração contra eles.
É aqui que começamos a sentir um travo agrido-
ce. Deram-nos o docinho de podermos jogar com
todos os heróis para rapidamente nos tirarem essa
possibilidade e ficarmos entregues a Kamala Khan


(a futura Ms. Marvel). Por outro lado, temos de
reconhecer que nos deu mais prazer jogar com esta
jovem do que antecipávamos inicialmente, já que
a versatilidade dos seus poderes tanto nos permite
lutar corpo-a-corpo, como mais à distância e até
esticar os braços ou pernas para dar grandes saltos.

MUITOS ITENS PARA DESBLOQUEAR
O estilo das lutas fez-nos lembrar Marvel’s Spider-
-Man, mas a verdade é que parece que nenhuma
delas fica registada na nossa memória, com exceção
de alguns bosses. Basicamente, andamos a destruir
os inimigos da AIM (Advanced Idea Mechanics),
uma maléfica empresa de robótica, enquanto pro-
curamos e recrutamos os Vingadores, um a um. É
precisamente quando o grupo começa a ganhar
número que a ação se torna mais cativante, já que
as missões implicam trabalho de equipa. Saliente-se
que é possível jogar sozinho, com o outro herói a ser
controlado pela consola, ou com multiplayer, em
que é feito emparelhamento online com jogadores
do mesmo nível.
Cada super-herói tem golpes específicos que
podem ir sendo desbloqueados num esquema de
árvore à medida que vamos ganhando pontos para
tal durante as missões. Contudo, os menus parece-
ram-nos algo atabalhoados, com excesso de infor-
mação – há ainda colecionáveis, fatos e armamento
para colecionar ou melhorar – e sentimos falta de os
ler em português. Os próprios loots são um pouco
confusos. Os gráficos são bons (tememos o pior
quando vimos um trailer no ano passado), mas
falta um certo ‘je ne sais quoi’ que eleve o patamar
do jogo de bom para épico. Ou então ainda temos
The Last Of Us II muito fresco na memória como
um jogo de excelência quando falamos em títulos
de ação e aventura na terceira pessoa. Paulo Matos

3,9
PS4 (testado),
Xbox One, PC

Jogar com
a polimórfica
Kamila Khan é uma
agradável surpresa

As particularidades
de cada herói fazem
com que seja
uma experiência
diferente jogar
com cada um deles

Menus em
português
davam jeito

Estes diálogos
têm uma certa
‘moral Marvel’
subjacente
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