HIGH-TECH GIRL
MARIZA FIGUEIREDO High-Tech Girl (hightechgirlblog.com) / [email protected]20 / PCGUIACOMO ENTROU PARA O UNIVERSO DOS JOGOS?
Trabalhava com ilustração e animação. Fui
desafiada e comecei a trabalhar com jogos.
Depois, ganhei o gosto e continuei. Está a
correr bem. Tenho feito livros e animação,
mas também muitos jogos. Gosto mais dos
jogos infantis.
GOSTA DE JOGAR?
Nunca tive acesso a PlayStations e outras
consolas. Jogava sempre com os meus
primos. Comecei realmente a jogar quando
surgiram no mercado os jogos mobile, por
serem mais práticos e por podermos jogar
em todo lado. Sinto que há cada vez mais
mulheres a jogar, muitas com PlayStations,
outras consolas ou com o computador.
Para mim, os jogos de curto prazo são mais
interessantes.
NOS CURSOS QUE DÁ HÁ RAPARIGAS?
Dou aulas na ETIC Lisboa, ETIC Algarve e
na EPI, de concept art, animação digital e
GUI design. Sou também tutora do curso de
Animação & Videojogos na ETIC, que me
deu oportunidade de junto com o meu colega
Ivan Barroso construir um curso adequado
ao nosso mercado. No curso de videojogos,
sou a única mulher a dar aulas. Continua a
ser uma área de rapazes, mas começo a ver
muitas mudanças, a começar pela quantidade
de alunas inscritas, o que irá fazer com que
haja mais mulheres a trabalhar na área dos
videojogos. As raparigas costumam ser muito
boas. Têm mentes mais abrangentes. Nunca
irão criar uma personagem mulher como
objecto, mas sim como uma heroína. Elas dão
outro valor aos jogos e não chegam com ideias
feitas sobre qual o formato que um jogo deve
“AS RAPARIGAS NUNCA IRÃO CRIAR UMA PERSONAGEM
MULHER COMO OBJECTO, MAS SIM COMO UMA HEROÍNA”
embro-me de ouvir histórias do século
passado, quando trabalhadores com décadas
de dedicação a uma só empresa recebiam um
relógio de ouro como reconhecimento desse
empenho e fidelidade. A vida de trabalho
mudou muito desde então. Especialmente
nos últimos cinco ou dez anos. Já não se
sonha em ter um carro ou uma casa para
a vida, assim como um só emprego (ou um
funcionário ao longo de toda a sua vida
produtiva) já começa a não fazer sentido.
Os computadores tiveram um papel essencial
como acelerador desta mudança. Como as
máquinas tiveram na Revolução Industriale a tecnologia, a robótica e a inteligência
artificial estão a moldar o que será o trabalho
num futuro muito próximo.
Sou mãe de uma adolescente e, confesso,
tenho dificuldade em dar-lhe respostas
a algumas inquietações. Em que profissão
poderei encontrar alguma segurança?
Os robôs vão mesmo tirar lugar às pessoas?
Os avanços do conhecimento não fazem
o caminho para atrás no tempo. Há quem os
negue e rejeite. Perdem tempo. Acredito que
no futuro do trabalho, aquele que aprender
a tirar partido da inteligência artificial, do
trabalho conjunto com robôs e a lidar comtodas as novidades que ainda estão por vir
conseguirá encontrar o seu lugar no
universo profissional.
Há muito que fazer neste âmbito. O modelo
está a mudar uma vez mais radicalmente,
e empresas e políticos têm muito trabalho
pela frente. Para a minha filha digo apenas
que se empenhe em descobrir o que gosta.
Esta será a sua única segurança e o fio
condutor da sua vida profissional. Mesmo
que isso mude ao longo da vida. Afinal de
contas, muito provavelmente será natural
ouvir a pergunta: «O que vais querer ser
quando envelhecer?»Joana Franco Senior Concept Artist e Game User Interface (GUI) Designer
ter. Aventuram-se mais facilmente a criar
novos conceitos. Nesta área, as portas
estiveram sempre abertas, mas como é um
mundo muito masculino, é devagarinho que
elas começam a encontrar o seu lugar. Tenho
muito orgulho no meu trabalho e tento passar
esta mensagem nas aulas que dou.COMO SÃO AS PERSONAGENS FEMININAS
NOS JOGOS QUE FAZ?
Gosto de lhes dar os mesmos atributos que
às personagens masculinas, e que sejam tão
visualmente ricas como estas, sem as tornar
apelativas da forma errada.
É importante criar um equilíbrio a nível de
poderes que leve o jogador, principalmente
se for adolescente ou criança, a escolher
sem problemas as personagens femininas.
Para isso é preciso que tenham atributos
que lhes permitam ultrapassar os
obstáculos que têm de enfrentar.
Há muitos anos havia um jogo chamado
Street Fighter, em que os rapazes não
se inibiam de escolher as personagens
femininas por que tinham, cada uma
à sua maneira, poderes especiais ao
mesmo nível ou até mais interessantes
que os dos homens, e que faziam
com que conseguissem vencer os
adversários.O QUE É O ETIC GLOBAL GAME JAM?
É um evento que acontece a nível
mundial, onde temos que criar um jogo
em menos de 48 horas. O nosso tem
lugar na ETIC em Lisboa, de 26 a 28 de
Janeiro. Temos cada vez mais mulheres
a aventurarem-se nestes encontros,
o que pare mim é uma conquista.O futuro das profissões
L
É ilustradora, cria jogos de
vídeo, dá aulas de Concept
Art, animação digital e GUI
Design na ETIC, e organiza o
evento de jogos ETIC Global
Game Jam. Este é um mundo
de homens, mas Joana sente
que começa a mudar. Está
também à frente empresa
de jogos e animações Stories
Studios e foi a
responsável pela
criação do mais
recente vídeo
dos D.A.M.A., que
já tem mais de
quatro milhões de
visualizações.