PCGuia265-Fevereiro-2018-opt

(NONE2021) #1
PCGUIA / 29

conseguir ter mais músicas no catálogo e consequente-
mente reduzir os gastos com direitos pagos às editoras
e artistas, por exemplo. Se Pachet criou uma tecnologia
capaz de produzir música recorrendo à IA, surgiram
várias suspeitas de que poderia ser esta a intenção
da plataforma de streaming.
Playlists fortes em instrumentais, como a ‘Ambient
Chill’ ou ‘Brain Food’, poderiam beneficiar das poten-
cialidades da IA. A título de curiosidade, o Spotify já
fez acções especiais com inteligência artificial, como
um site em que o utilizador podia experimentar fazer
música a meias com o computador.

DESAFIO: SUBJECTIVIDADE... E NÃO SÓ

Como seria de esperar, há vários desafios envolvidos
nesta questão de conseguir transformar a IA num poço
de criatividade artística. E um dos maiores desafios está
ligado a uma característica humana: a subjectividade.
De acordo com os investigadores que trabalham neste
tipo de projectos, é difícil fazer com que a IA seja
capaz de imitar essa característica.
Afinal, é a subjectividade que faz com que a pessoa
‘A’ goste de uma música ou de uma obra de arte,
enquanto a pessoa ‘B’ possa odiá-las. Por isso mesmo,
coisas como crítica musical ou de cinema nunca são
campos consensuais, já diz a sabedoria popular que
não se pode agradar a gregos ou a troianos. Não há
respostas certas ou erradas dentro destes campos, são
só coisas diferentes – mas e ensinar isso à IA?
Outro problema passa pela dificuldade que é mostrar
à IA o que é música. Para os humanos, a música pode
sim ser informação. Um compositor ou músico precisa
necessariamente de ouvir música para se conseguir
inspirar a criar algo novo.
Para a IA, não basta transformar música em dados, já
que não é possível conseguir que uma representação de
dados seja 100% fidedigna a uma composição musical.
Por isso, a interpretação que um algoritmo de IA faz de
uma peça musical não é, obviamente, experienciada
da mesma forma que um humano ouve música. No
caso do projecto folk-rnn, de música irlandesa,
a IA conseguiu criar várias músicas baseadas em
representações abstractas de músicas originais – mas
não as músicas em si. Desta forma, dizer que a IA está a
criar música sem interacção humana não é totalmente
verdade. É preciso que alguém alimente os algoritmos
com informação e que, no final do dia, tome decisões

relativamente ao material produzido. Se formos
para o campo das artes visuais, a diferença entre a
capacidade de percepção humana e a percepção das
máquinas acentua-se e bem. Se olharmos para o
DeepDream, um projecto que utiliza a capacidade de
computação para detectar padrões em imagens e fazer
novas composições artísticas.
Por exemplo, se for carregada uma imagem de um
gato e outra de uma paisagem cheia de nuvens, prestes
a transformar-se num temporal, o DeepDream vai
conseguir gerar uma nova imagem com ambos os
motivos. Ou seja – estas ferramentas detectam padrões

PROJECTOS COMO O FOLK-RNN OU O ÁLBUM HELLO WORLD ESTÃO A MOSTRAR


COMO A IA PODE AJUDAR NA COMPOSIÇÃO MUSICAL.


PCGUIA / 29
Free download pdf