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nas imagens com a IA e conseguem aumentá-los e
torná-los um ponto de destaque da imagem. Assim,
se for carregada uma imagem e os algoritmos
detectarem que o padrão mais importante ali é
uma imagem de um cão, esse será o ponto forte da
composição – mesmo que dê ares de uma alucinação
de rede neuronal. Algumas das composições são
impressionantes – tanto que, num leilão nos EUA,
uma das obras criadas com o DeepDream da Google foi
licitada por oito mil dólares, cerca de 6500 euros.
QUANDO A IA CRIATIVA SE TORNA NUM NEGÓCIO
Não é preciso trabalhar num laboratório de
investigação da Sony ou num projecto universitário
para criar música com uma ajudinha da inteligência
artificial. Há startups que já operam nesse campo e
disponibilizam ao utilizador comum esta cooperação
entre homem e máquina.
Uma dessas ferramentas é a Amper Music que, através
do site (ampermusic.com), permite criar músicas
únicas para incluir em conteúdos. Se é daquelas
pessoas que perde tempo em sites de músicas livres
de direitos para colocar em vídeos ou aplicações, a
Amper Music permite escolher qual a duração, batida
ou estado de espírito que quer que a sua criação tenha,
fazer a parte da personalização e depois colocá-la
directamente nos conteúdos que pretende – e tudo
royalty-free e feito em poucos segundos. Além disso, a
startup oferece ainda uma API, que pode ser integrada
por programadores a outros softwares. Por enquanto,
o software da Amper Music está em modo beta, mas
a ideia da startup passa também pela expansão da
comunidade que utiliza esta solução.
A Amper Music não está sozinha neste mercado:
a Judeck, outra empresa londrina, oferece uma
plataforma parecida à sua. Com uma equipa formada
por compositores, produtores, engenheiros,
académicos e, claro, especialistas em machine
learning, a Judeck também está virada para o mercado
dos produtores de conteúdos, nomeadamente os de
vídeo, além do óbvio: quem trabalha com música.
A Jukedeck já criou mais de quinhentas mil faixas
para entidades como a Google ou o Museu de História
Natural de Londres.
O negócio da utilização da IA criativa não se limita
apenas ao campo musical, também há quem já faça
testes para a parte visual. A Adobe é um exemplo disso:
no ano passado, apresentou a Sensei, uma plataforma
com recurso a inteligência artificial que permite
dar assistência na hora de editar imagens. Uma das
potencialidades da Sensei passa por remover auto-
maticamente fundos de imagens ou até por conseguir
encontrar imagens que se adequem à situação que
pretende, em bancos de imagens.
Os humanos vão ser redundantes no processo criativo?
Basta ir até ao vídeo da música Daddy’s Car no
YouTube para percebermos que há muita relutância
em aceitar este tipo de criações. Entre comentários
com referências aos «overlords», «Skynet likes this»
ou a indicar que «falta alguma coisa por aqui», há um
misto de fascínio, mas também muito receio à mistura.
A meio de Janeiro, foi o lançamento oficial do disco
Hello World, com músicas compostas por IA, com o
A JUKEDECK, STARTUP QUE UTILIZA
IA PARA FAZER MÚSICA, JÁ CRIOU
MAIS DE QUINHENTAS MIL FAIXAS
PARA ENTIDADES COMO A GOOGLE
OU O MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL
DE LONDRES.
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