PCGuia265-Fevereiro-2018-opt

(NONE2021) #1
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nome de artista SKYGGE. O nome do “artista”
também não é aleatório: SKYGGE significa ‘sombra’
em dinamarquês, o idioma do escritor Hans Christian
Andersen, que deu o nome Skygge a um dos seus
contos infantis. O conto relata uma fábula de
metamorfoses – algo que também há muito nesta
composição de álbum. A metamorfose de música
para datas, de redes neuronais para notas musicais.
E, acima de tudo, de um projecto científico para um
álbum pop. Benoit Carré, compositor, trabalhou neste
disco ainda com a orientação de François Pachet.
Músicos como Stromae ou Kiesza emprestaram a sua
voz a esta produção, que contou com produção a cargo
de Ash Workman, que já produziu álbuns para bandas
como Metronomy ou Christine and The Queens.
Hello Shadow é o single de apresentação deste álbum


multi-artistas, que já teve direito também a videoclip.
E parece que a coisa não está a correr mal – na altura
de escrita deste especial, o número de reproduções na
faixa no Spotify já ultrapassa um milhão. Por isso, se
olharmos para a quantidade de pessoas envolvidas no
processo de composição desta primeira experiência de
álbum com IA, dá para perceber que os humanos ainda
continuarão a ser precisos para este tipo de criação –
embora haja muitas opiniões divididas.

A DEMOCRATIZAÇÃO DA CRIATIVIDADE

Para muitas das pessoas que trabalham no desenvol-
vimento deste tipo de projectos, a questão aqui não
é bem quando é que vão desaparecer determinados
trabalhos ligados à indústria criativa, mas sim
como é que mesmo pessoas sem grande talento ou
competências ligadas às artes visuais ou à música
se podem exprimir artisticamente. E com alguma
“qualidade”, vá. Já existem plataformas que utilizam
os rabiscos feitos por humanos e dão um ar mais
profissional às criações com a IA.
Na música, como percebemos, não é preciso ser
o mestre dos samples e mesas de mistura para
conseguir tirar algumas melodias decentes. Por isso
mesmo, fala-se numa democratização da criatividade
nestes campos. Se olharmos para trás, a introdução
de computadores no processo musical não veio
necessariamente prejudicar a indústria – continuaram
a ser precisos humanos para fazer as operações
nos computadores. E, além disso, a tecnologia veio
também criar novos géneros musicais e abrir todo um
novo mundo de opções. Com a Internet, plataformas
de streaming e tudo o mais tornou-se cada vez mais
fácil descobrir criações e artistas que podem estar do
outro lado do mundo. Ou seja, a palavra aqui é mesmo
transformação. Na aplicação da IA à criatividade,
parece que o vocábulo mais adequado será mesmo
‘cooperação’ e até um ‘alargar de horizontes’, já que
ao desobedecer a algumas regras estilísticas, criam-se
novidades. E, ao que tudo indica, parece que a
Humanidade ainda tem mais uns anos.

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