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COLUNA MADE
IN PORTUGAL
FUTUROS “DONOS” DA FUSÃO
NUCLEAR PODEM ESTAR AQUI
l Aqui, em Portugal, entenda-se. Apesar
de o País ainda não se ter rendido à energia
nuclear, em breve há um empresa nacional
que vai ter um papel bastante importante
no futuro neste meio - em concreto no que à
fusão diz respeito. A meio de Março ficámos
a saber que o Instituto de Soldadura e
Qualidade (ISQ) vai coordenar a qualificação
de peritos nesta área: «É o maior projecto
de inovação em curso no mundo na área
da fusão nuclear», diz, sem dúvidas, Pedro
Matias, o presidente da empresa.
O contrato, a nível europeu, ganho pelo ISQ
(que ganhou um concurso internacional
onde estavam outras entidades formadoras)
vai permitir a esta entidade realizar/gerir
a formação e qualificação dos peritos,
técnicos e gestores de projecto que
trabalham a nível europeu e mundial na
área da Fusão Nuclear no Programa Fusion
for Energy (o ITER, gerido por um consórcio
internacional composto pelos EUA, Japão,
Rússia, Coreia do Sul, China, Índia e União
Europeia). A duração total deste contrato
é de quatro anos e o valor global atinge os
três milhões de euros. Aliás, esta realidade
não é nova para a empresa. O ISQ tem
colaborado com o ITER, na última década, no
que respeita a inspecção, ensaios, desen-
volvimento de tecnologia de controlo não
destrutivo, e engenharia de tecnologias de
ligação e formação ligada à área do nuclear.
«Estamos a falar de um projecto científico
de grande escala que tem como objetivo
demonstrar a viabilidade da tecnologia de
fusão como fonte de energia futura, de
enorme potência, mas com muito maior
segurança para a população e regiões»,
explica Pedro Matias. Além da formar os
técnicos em fusão nuclear com base em
«inovadoras metodologias de planeamento
e gestão 4.0», o ISQ vai ainda ter soluções
formativas para diversas funções
técnicas em «programação, data control,
tecnologias de produção, gestão de projecto,
regulamentação e legislação, ensaios não
destrutivos, tecnologias de soldadura,
criogenia, gestão de sistemas e outras áreas
de hard skills e soft skills».
«Tenho a certeza de que a selecção do ISQ
para um dos maiores projectos de inovação
a nível mundial é o reconhecimento da
nossa grande capacidade na área da gestão
da formação internacional, onde temos
qualificações e experiência específicas.
Isto confirma-nos ainda mais como um
player europeu neste domínio, interpares
a nível mundial», conclui Pedro Matias,
evidentemente orgulhoso, também pela
confiança na formação feita em Portugal.
R
aj Samani e Marc Vos voltaram
a ser os hosts da McAfee numa
edição dos Lab Days que teve
como convidado especial o ‘futurista
aplicado’ Tom Cheesewright. Sempre
com grandes reservas em relação à
forma como a segurança vai moldar
novas abordagens, Tom Cheesewright
apontou três grandes tendências:
a realidade mista como forma de
interacção, câmaras fotográficas/
vídeo como principal sensor e a falta
de controlo que vamos ter sobre a
informação que temos online. «Vamos
ter uns próximos vinte a cinquenta anos
muito difíceis», avisou o consultor.
«SÃO APENAS MIÚDOS...»
Raj Samani (na foto), chief scientist
da McAfee, continua a ser aquele
responsável que mais interessa ouvir
em cada edição dos Labs Day. A razão
para isto é simples: é ele que passa o
ano todo a lidar com novos ataques,
a descobrir novas forma de lutar
contra o cibercrime e a ser apanhado
em histórias incríveis, que depois nos
prendem à narrativa (ver entrevista na
pág. 16). Uma destas acabou mesmo
por deixar a sala a rir: «Fiz-me passar
por um aluno que precisava de fazer
um trabalho sobre como são feitos
ataques de ransomware. Enviei um
e-mail a um hacker e ele disse-me
como fazia tudo. Gabou-se de que
nunca ia ser apanhado e ainda me
convidou a trabalhar com ele, pois
como pensou que era estudante,
talvez precisasse de dinheiros para
pagar as contas». A história serviu
para confirmar o facto de que alguns
destes “piratas” são adolescentes e não
profissionais a trabalhar para grandes
organizações de cibercrime.
FACEBOOK É A «PONTA DO ICEBERG»
O chief scientist da McAfee não deixou
ainda de falar em dois dos temas do
momento: a polémica o Facebook e as
moedas digitais. Sobre o escândalo da
Cambridge Analytica, Raj Samani disse
que este problema com dados pessoais
era apenas «a ponta do iceberg».
Em relação às criptomoedas, o desafio
vai ser impedir que um PC possa ser
usado de forma ilícita para minerar
bitcoins, por exemplo. Para impedir
isso, Samani garantiu que o software da
McAfee está preparado para identificar
este tipo programas. A terminar,
ficámos a saber ainda que a edição do
McAfee Labs Day de 2019 vai acontecer
em Lisboa, uma confirmação dada por
Marc Vos no final deste evento.
Paris foi a cidade escolhida pela McAfee para
a edição deste ano do Labs Day, onde a empresa
de cibersegurança fala sobre o estado da arte
dos ataques online. Em 2018 não há sinal de tréguas.
Facebook, criptomoedas
e hackers adolescentes
na mira da McAfee para 2018
POR RICARDO DURAND
POR RICARDO DURAND EM PARIS