POG
Enquanto parte da população tentava
(re)criar o seu escritório em casa, e os pais
desesperavam com as condições da telescola
digital, um pequeno grande grupo de
utilizadores aproveitava o isolamento forçado
para dedicar ainda mais tempo à sua
actividade favorita: jogar.
Os gamers não mudaram muito a sua rotina.
Não podem sair de casa? Mais raids para
fazer. Não podem ir ter com os amigos ao
café? Estão todos no Discord - que poderia
ter sido uma solução para as aulas online,
há alunos que passam lá mais tempo
do que na escola.
Só em Março, as vendas de jogos subiram
50% no formato digital e mais de 80% no
formato físico. As consolas dispararam as
vendas em mais de 150%. Houve 1,15 milhões
de pessoas a jogar CS:GO em simultâneo.
E a Internet parecia falhar menos para eles,
que para quem queria enviar ficheiros
para o chefe.
Enquanto o Zoom era um assunto, as
indústrias de jogos e entretenimento usaram
esta oportunidade para cativar novos públicos
e clientes, desde os serviços de streaming
até aos actores e músicos que produziram
os seus espetáculos via redes sociais,
com melhores resultados do que as aulas
de História ou o trabalho remoto.
As actividades produtivas não souberam
responder à crise. Percebeu-se que a iliteracia
digital é elevada e transversal a todas as
gerações, toda a gente tem telemóvel, mas
nem todos têm computador ou sabem usar
um. Os gamers aproveitaram as estruturas
e ferramentas disponíveis até ao limite,
enquanto outros acharam que pegar fogo
a torres 5G era uma boa ideia. É o que temos.
As empresas e outras instituições têm muito
que aprender com a comunidade de gaming.
Até porque os seus membros já passam a vida
a combater em cenários apocalípticos.
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Alex Gamela
@alexgamela
O QUE VEM
À REDE
NASA PEDE AJUDA AOS JOGADORES
PARA SALVAR OS RECIFES
A agência espacial norte-americana criou um jogo
online com o objectivo de mapear os recifes de
coral existentes no mundo e perceber de que
forma é possível salvar estes frágeis
ecossistemas, actualmente ameaçados pela
poluição. A NASA pede a todos os interessados e,
em espacial aos gamers, que ajudem a identificar
os recifes a partir de imagens 3D recolhidas por
drones e aviões, já que o reconhecimento das
imagens não permite ver correctamente
HUAWEI PODERÁ ESTAR A CRIAR PLACAS
GRÁFICAS PARA SERVIDORES CHINESES
Começaram a circular rumores de que a Huawei
estaria interessada em entrar no mercado dos
processadores gráficos, que é actualmente
dominado pela AMD e Nvidia.
Para tal, a marca chinesa irá utilizar
o recém-criado Cloud and AI Business Group,
estando já a recrutar talentos tanto da Nvidia,
como da AMD, para o desenvolvimento de
processadores gráficos para servidores.
Isto pode parecer novidade para muitos, mas
a realidade é que a Huawei já tinha criado em
2019, com sucesso, o processador Ascend 910 AI,
que consegue atingir até 256 TFLOP de
velocidade de processamento em FPU (FP16)
e até 512 TOPS em cálculos de inteiros (INT8),
o que corresponde precisamente ao dobro da
actual solução de topo da Nvidia, o Tesla V100.
Além disso, tem a vantagem de ser produzido
usando um processo de fabrico de 7 nm, face aos
12 nm da solução da Nvidia, o que garante um
menor consumo energético e menor calor
dissipado. Este processador está a ser utilizado
nas placas de aceleração de IA Huawei Atlas 300
PCIe 4.0, placas essas que serão utilizadas nos
servidores encomendados pelo governo chinês,
que já iniciou um processo para substituir todos os
actuais servidores, provenientes de fornecedores
estrangeiros, a funcionar na China. G.D.
e classificar todos os sistemas aquáticos,
sobretudo quando há muitas ondas.
NeMO-Net (Neural Multi-Modal Observation and
Training Network) é o nome do jogo em que
o utilizador vai navegar nos oceanos no navio de
investigação Nautilus, fazendo missões
e aprendendo tudo sobre os recifes de coral para
depois os conseguir identificar e classificar. A ideia
é o jogador criar um mapa e ganhar medalhas,
conforme for progredindo. Com estes dados,
a NASA vai treinar um supercomputador para que
o reconhecimento passe a ser automático e os
cientistas consigam seguir a evolução destes
ecossistemas e tentar preservá-los.
Ved Chirayath, investigador principal do Ames
Research Center da NASA, que criou o NeMO-Net,
explica a importância da interacção humana:
«O NeMO-Net tira partido da mais poderosa força
do planeta: não uma sofisticada câmara ou um
supercomputador, mas as pessoas. Qualquer
pessoa, mesmo um aluno de primeiro ano,
consegue jogar e organizar estes dados para nos
ajudar a mapear algumas das mais belas formas de
vida que conhecemos». M.F.
O NeMO-Net está actualmente disponível para macOS,
iOS e deve chegar em breve aos dispositivos Android.
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