INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
À NOSSA IMAGEM
Nós, humanos, estamos programados (desculpem
a expressão) para reconhecer caras desde bebés.
Portanto, não é de espantar que os interfaces de AI
(de chatbots a assistentes virtuais, passando por
“amigos” literalmente artificiais) sejam
representados antropomorficamente. Mas terá
mesmo de ser assim?
A Inteligência Artificial (AI) é a tecnologia que está
a evoluir mais rapidamente. Para já, só se faz notar
no autocomplete do Google Docs, ou no tratamento
de imagens e som, deixando jornalistas, artistas
e músicos a questionar as suas opções de vida.
Nos próximos tempos, a AI vai deixar de ser apenas
uma funcionalidade para se tornar uma presença.
E, como tudo o que é estranho a nós, está a ser
feita à nossa semelhança para ser aceite mais
facilmente: vejam o Douglas, o «humano digital
autónomo mais realista» criado pela Digital Domain.
Ele tem a aparência de um senhor de meia idade
que colecciona selos como hobby. Ou mechas de
cabelo roubadas a raparigas que vê passar na rua.
Temos a Replika, a amiga digital que na minha
experiência era uma pixie girl de cabelo cor-de-rosa.
Percebo a necessidade de antropomorfizar
a tecnologia - sempre o fizemos com os robôs - mas
acho parvo. Não quero um robô ou AI igual a uma
pessoa. Quero um ser com tentáculos e que
comunique por impulsos sonoros que não sejam
bem palavras, mas música. Essa é a segunda fase:
a da personalização. O que falta perceber é se
somos nós que moldamos a AI ao nosso gosto ou se
é ela que se molda a nós.
Para quê dar humanidade a uma tecnologia que tem
características que ultrapassam as dos humanos?
Quero entidades eficazes e não sucedâneos de
criaturas falhadas. A Boston Dynamics percebeu
isso há muito tempo e foi buscar inspiração ao
melhor do reino animal. Em representação digital ou
mecânica, a AI não pode passar por “humana”. Até
porque, de humanos está o mundo cheio.
Em vez um Douglas a correr na rua de tesoura na
mão, que tal um assistente virtual que seja um
Cthulhu fofinho com tentáculos de peluche?
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CEiiA APOSTA EM MERCADOS VOLUNTÁRIOS DE CARBONO
O Centro de Engenharia e Desenvolvimento
(CEiiA) assinou um protocolo com o Ministério
do Ambiente e da Ação Climática para
promover o desenvolvimento de mercados
locais voluntários de carbono com vista
a contribuir para a neutralidade carbónica de
Portugal em 2050. O projecto vai criar «um
ecossistema que incentiva os consumidores
e as empresas a tomarem decisões que baixem
as emissões de CO2, criando créditos que
podem ser comprados pelas empresas que
ambicionam caminhar para a neutralidade
carbónica», explica o CEiiA, em comunicado.
A aquisição desses créditos irá originar
receitas que poderão ser utilizadas pelos
municípios em actividades que promovam uma
economia verde, descarbonizada e circular.
O centro vai usar a sua plataforma tecnológica
AYR para registar todas as transações destes
mercados. José Rui Felizardo, presidente do
CEiiA, explica que com os mercados
voluntários «consegue-se atribuir um valor
financeiro às emissões evitadas pelo
comportamento dos cidadãos, valor esse que
será reinvestido na região em actividades
relacionadas com economia verde».
Para já, Matosinhos será o primeiro município
a implementar um projecto-piloto do mercado
voluntário de carbono, mas a ideia é que
a iniciativa se estenda a todo o País. M.F.
Alex Gamela
@alexgamela
O QUE VEM
À REDE
A Qualcomm acaba de oficializar o Snapdragon
888, o chip que vai fazer funcionar muitos dos
dispositivos móveis topo de gama, em 2021.
A empresa diz que as principais vantagens
deste novo SoC estão no acesso melhorado
a redes 5G, melhorias no desempenho geral,
no processador gráfico e um novo processador
Hexagon, dedicado a tarefas relacionadas com
inteligência artificial. O Snapdragon 888 integra
o modem X60, a terceira geração de modems
5G da Qualcomm, com conectividade Sub-6,
mmWave globais, compatibilidade com multi
SIM e partilha dinâmica de espectro. O X
é um dispositivo fabricando segundo um
método de 5 nm, enquanto os anteriores eram
de 7. É possível que o Snapdragon 888 também
seja de 5 nm, mas ainda não há confirmação
oficial. A Qualcomm também actualizou
o conjunto de optimizações para jogos
Snapdragon Elite Gaming para ser compatível
com ecrãs de 144 Hz. Segundo a empresa,
o Snapdragon 888 será o maior upgrade de
desempenho do GPU dos últimos tempos.
No campo da inteligência artificial, o módulo
Hexagon de sexta geração foi redesenhado
para oferecer mais desempenho neste tipo
de tarefas. O ISP Spectra também não foi
esquecido e, segundo a Qualcomm, permite
agora tirar fotografias, ou gravar vídeo,
a 2,7 gigapíxeis por segundo, o equivalente
a 120 fotos de 12 MP por segundo - isto
corresponde a ganhos de 35 % em relação
à geração anterior. A Qualcomm anunciou
também os fabricantes que vão lançar produtos
baseados no Snapdragon 888 em breve, a lista
inclui Asus, Black Shark, Lenovo, LG, Meizu,
Motorola, Nubia, Realme, OnePlus, Oppo, Sharp,
Vivo, Xiaomi e ZTE. P.T.
O SNAPDRAGON 888 SERÁ O CHIP PARA
DISPOSITIVOS MÓVEIS TOPO DE GAMA EM 2021
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