Orçamento: setores criticam proposta de Lira
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - País
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
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Autor: CLEIDE CARVALHO EMARLEN COUTO
[email protected] SÃO PAULO E RIO
Gestores públicos e especialistas de áreas como a
Saúde e a Educação discordaram da proposta do
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-
AL), de promover a desvinculação do Orçamento, ou
seja, derrubar a obrigatoriedade de destinação de
percentuais mínimos para cada área. Atualmente, a
Constituição determina que os estados devem destinar
12% de seus recursos para a saúde e 25% para a
educação, enquanto, no Orçamento federal, os índices
são de 15% e 18%, respectivamente.
Integrantes do Conselho Nacional de Saúde e do
Conselho de Secretarias Municipais da área afirmaram
temer uma eventual redução de recursos para a área. A
presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz, diz
que a mudança poderia "desmanchar a lógica" do
Fundeb, que reorganizou a distribuição de recusos na
área.
Lira apresentou a ideia em entrevista ao GLOBO,
publicada na edição de ontem. O deputado argumenta
que o engessamento do Orçamento reduz o poder do
Legislativo na definição sobre aplicação dos recursos
públicos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é
favorável à tese de Lira. Para passar a valer, a mudança
exigiria mudar trechos da Constituição, mediante a
aprovação no Congresso de uma Proposta de Emenda
Constitucional (PEC).
- O Congresso hoje é um carimbador do Orçamento. O
Orçamento vem todo pré-fixado, com 96% de despesas
carimbadas. Defendo a desvinculação total do
Orçamento. Hoje governadores e prefeitos são
obrigados a gastar dinheiro, jogando dinheiro fora, para
cumprir o mínimo constitucional. Na Saúde tem recursos
demais. O problema da Saúde é gestão argumentou,
acrescentando que a desvinculação permitirá
manejamento dos recursos para áreas prioritárias em
cada momento. - Quando você desvincula, se no
momento o Acre precisa de ajuda para enchentes,
manda dinheiro para a Defesa Civil. O problema é a
pandemia? Manda para a Saúde.
DESFINANCIAMENTO
A economista e sanitarista Erika Aragão, presidente da
Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres) e
integrante do Conselho Nacional de Saúde, concorda
que o SUS tem problema de gestão, mas ressalta que
até para melhorar a gestão é preciso investir em
informatização e mão de obra qualificada, por exemplo.
- Seria o desfinanciamento do SUS num momento em
que a população está envelhecendo e precisará de mais
atendimento de saúde. Todas as recomendações de
organismos internacionais é que haja maior presença
dos governos em áreas de seguridade social, como
saúde, educação e programas de renda mínima - avalia.
Para Mauro Junqueira, secretário executivo do
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
(Conasems), a desvinculação preocupa os municípios.
Ele lembra que os prefeitos devem aplicar 15% do
orçamento em saúde, mas, em média, o percentual já