Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

imediatamente. Agora, evidentemente, a economia
brasileira está totalmente desorganizada e temos uma
situação de queda brutal do investimento público, temos
que encontrar espaço orçamentário para gerar
emprego. É uma ilusão imaginar que vamos poder
contar com o investimento privado em substituição ao
público. Isso nunca aconteceu. Está aí o Joe Biden
lançando um plano de US$ 2 trilhões para recuperar a
economia americana, contrariando toda a cartilha
neoliberal. Temos que ter clareza que precisamos gerar
empregos no país e o PT é um partido que mais gerou
empregos na história do Brasil. Foram 20 milhões em 12
anos, sabemos fazer isso. Obviamente, o Sistema Único
de Saúde (SUS) tem que ser reforçado, porque provou
que é o instrumento que temos de política pública na
área da saúde. E, lamento dizer, vamos encontrar a
educação, que pouco se fala no Brasil, em situação de
extrema penúria.


Como assim?


O Bolsonaro destruiu o sistema educacional brasileiro.
Até como ex-ministro da Educação, teremos uma tarefa
enorme de reconstruir o sistema educacional brasileiro.
O Ministério da Educação se negou a coordenar ações
das secretarias estaduais e municipais. Cada um está
dando um tiro para um lado. Provavelmente, vamos ter
uma pandemia de crianças e professores, que estavam
antes resguardados. Não houve planejamento para a
volta às aulas presenciais. O Ministério da Educação
não deu nenhuma entrevista coletiva organizando o país
na área educacional. Bolsonaro tem nomeado
interventores nas universidades e institutos federais ao
arrepio da lei, está cortando verba de ciência e
tecnologia. O corte já chega a 70% do pico do nosso
investimento. E a cultura está destruída no país. Não há
financiamento para geração de empregos na área da
cultura. Então, temos um desafio enorme nessas áreas
que dialogam com o futuro, ciência, educação, artes,
cultura.


Para 2022, seu principal concorrente é o juiz Sergio
Moro, o único que, nas simulações de segundo turno,
ultrapassa Bolsonaro. Isso deixa evidente que essa
variável da Lava-Jato ainda tem peso nas eleições.


Como lidar com isso?

Há uma confusão proposital entre combate à corrupção
e o que aconteceu em Curitiba. No meu ponto de vista,
o que aconteceu em Curitiba também pode ser
classificado como corrupção. Do sistema de Justiça.
Você não pode simplesmente perseguir politicamente
uma pessoa como projeto político, não pode fazer isso.
Eu, se fosse juiz, não perseguiria Bolsonaro por crimes
ficcionais. Ele tem que responder pelos crimes que
cometeu porque tem prova. Por exemplo, quando a
gente acusa Flávio Bolsonaro pelo desvio de verba
pública em gabinete, não é uma acusação feita ao léu.
Você tem lá a conta-corrente, o dinheiro sendo
transferido de uma conta para outra, inclusive
envolvendo a esposa do presidente da República. Você
tem um acúmulo de patrimônio que jamais uma pessoa
como Bolsonaro conseguiria amealhar, patrimônio
imobiliário, loja de chocolate. Ou seja, está feito um
nexo entre uma coisa e outra. Agora, você não pode
usar, corromper o sistema, para fazer política. É isso
que juristas do mundo inteiro e, não sou eu que estou
dizendo isso, condenam a maneira como o juiz Sergio
Moro se comportou. Agora, toda a legislação
anticorrupção é do nosso governo, todo o fortalecimento
da polícia, do Ministério Público, é do nosso governo.
Esse governo está fazendo o contrário. Está
enfraquecendo o combate à corrupção. Então, não vai
ser o juiz Sergio Moro que vai me ensinar uma coisa
que eu sei de cor. Passei pelo Ministério da Educação
com R$ 100 bilhões de Orçamento, passei pela
prefeitura de São Paulo, com R$ 60 bilhões de
orçamento, e você nunca ouviu de ninguém que não foi
feito um combate pesado contra a corrupção. Inclusive,
em São Paulo, desbaratei uma máfia do INSS,
recuperei quase meio bilhão de reais para a cidade. O
Moro é que tem se explicar.

Embora o senhor diga que Sergio Moro extrapolou, há
uma rejeição ao PT. Como o senhor avalia?

Primeiro, acho que a rejeição ao bolsonarismo já
superou essa. Hoje, mais de 50% da população não
quer a continuidade dessa loucura que virou o país, que
é um país necrófilo, cultivando a morte, o desemprego,
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