Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1

Problema ainda subestimado


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Nem mesmo o status social salva as famílias brasileiras
do aperto financeiro imposto no país depois que a
pandemia do coronavírus agravou a crise econômica
instalada no país no fim de 2019. Retrato dessa face
preocupante do Brasil, que afeta pobres e ricos, a alta
inadimplência é também uma espécie de calcanhar de
Aquiles. Ela ronda as perspectivas de recuperação do
país neste ano, também prejudicadas pelo
negacionismo do governo federal agora apresentando
parcela da sua conta no ritmo lento e incerto da
campanha de vacinação contra a covid-19.


Não há como avançar em qualquer medida de
recuperação da economia sem atenção redobrada à
expressão que a inadimplência ganhou, ainda que
alguns indicadores tenham mostrado queda da taxa no
fim de 2020. Quem dera que esse indicador dissesse
tudo sobre o calote financeiro. Pelo segundo mês em
janeiro subiu a proporção de famílias endividadas, seja
no cheque pré-datado, seja no cartão de crédito, cheque
especial, carnês de lojas, crédito consignado,
empréstimo pessoal, financiamento de carros ou da
casa própria, segundo pesquisa da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo


(CNC).


Alcançou 66,5%, portanto mais de dois terços, o
percentual das famílias brasileiras que informaram ter
dívidas a pagar. Depois de três reduções captadas pelo
levantamento, aqueles grupos com renda de até 10
salários mínimos viram o seu endividamento crescer,
representando 67,9% do total em janeiro. No mesmo
mês de 2020, eles representavam universo de 66,4%.

Entre a população com rendimentos superiores a 10
salários mínimos, a proporção de endividados também
cresceu para 60,7% no mês passado. Esse percentual
esteve em 60,9% em janeiro de 2020 e 60% em
dezembro último. Os números podem indicar que no
caso das famílias mais pobres a falta do auxílio
emergencial é fato e já não pode ser contestada. Para
os abastados, a análise mais próxima da realidade é a
de que eles estão voltando ao consumo, o que é muito
bem-vindo para a economia, mas o momento não
permite ilusões.

A pesquisa da CNC destaca o impressionante nível de
comprometimento da renda das famílias com o
pagamento de dívidas que passa da metade. Na média,
está em 30,9% para famílias que ganham até 10
salários mínimos e 27,6% no grupo daqueles com maior
renda disponível.

Diante desse cenário, não adianta o país se fiar em
dados como a queda do percentual de famílias com
dividas ou contas em atraso, que era de 25,2% em
dezembro e recuou a 24,8% no mês passado. Milhares
de brasileiros e empresas recorreram a crédito para
tentar vencer os efeitos da pandemia, que ceifou
empregos, renda e negócios país afora. A Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) constatou que os
empréstimos bancários foram turbinados em 15,4% no
ano passado, maior aumento verificado pelas
instituições financeiras nos últimos oito anos.

No entanto, agora, os programas emergenciais
chegaram ao fim e a pressão pelo ajuste fiscal corre
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