Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Direto da Fonte
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

de pertencer. Foi nesse período que comecei um
exercício de colocar na balança o que mais valia a
pena. E meu amor pela arte sempre acaba vencendo.
Foi uma fase delicada, sem dúvidas.


Há um tempo decidiu encerrar seu contrato com a
Globo, atrás de mais liberdade na carreira. Como está
sendo esse processo?


Sinto que na minha profissão temos sempre que
escolher entre liberdade e segurança, e a Globo me
trouxe essa segurança durante muito tempo, mas ao
mesmo tempo, tive que emendar uma novela na outra,
trabalhei muito, estudei pouco e me faltava bagagem
acadêmica. Também sentia falta da liberdade de poder
escolher o próximo passo, de ser dona das minhas
escolhas. Então chegou um momento que senti que
precisava fazer isso e as coisas estão fluindo de uma
forma melhor do que imaginava.


E está conseguindo se dedicar a coisas que não
conseguia antes, como os estudos?


Em partes. Hoje tenho tempo de estudar um roteiro,
avaliar um roteiro e entender se realmente quero fazer
aquilo ou não, qual a importância daquilo pra a minha
carreira a longo prazo. Me sinto mais responsável das
consequências que essas escolhas trazem. E queria
sentir isso, não queria que continuassem escolhendo
por mim, sabendo que eu sofreria as consequências de
qualquer forma. Os estudos, por conta da pandemia,
estou fazendo de forma remota.


Em uma entrevista disse que recebeu poucos convites
para atuar no cinema e atribuiu a isso os rótulos que
são colocados nos atores no meio das artes. Se diz
rotulada como uma "atriz de novela". Está trabalhando
para desconstruir essa imagem?


Não é um achismo, é um fato. Por muitos anos fui vista
como atriz de novela. É lamentável que no meio das
artes existam tantos rótulos e tantas caixas. Gostaria de
acreditar que justamente no meio das artes isso seria o
tipo de coisa que não existiria, mas existe. Hoje, talvez a
gente já esteja trabalhando para desconstruir isso como


um todo, mas há poucos anos atrás existia uma divisão
muito clara de quem era o ator que fazia cinema, de
quem era o ator que fazia teatro e de quem era o ator
que fazia televisão. E os que faziam TV eram vistos
como mais limitados pelos outros. Aí você me pergunta
o que faço para desconstruir essa imagem. Não faço
nada, só não me coloco mais nessa caixa, não aceito
esse rótulo.

Além de atriz, é uma influenciadora digital ativa em suas
redes sociais, nas quais tem mostrado um lado mais
ativista. Acha que hoje, uma personalidade, seja ela
atriz, modelo, cantora, ou qualquer profissional que seja,
se não der a sua opinião e não tiver a imagem ali muito
clara nas redes perde força?

Na verdade tenho muita preguiça do que está
acontecendo hoje em dia, de verdade. Não acho que
todo mundo tem que ter uma opinião formada, inclusive
acho que muitas pessoas acabam se equivocando e
viram vítimas do cancelamento porque sentem uma
pressão gigantesca de que precisam se pronunciar a
respeito de tudo e aí acabam se atropelando, porque a
gente não sabe tudo. Temos que aceitar os nossos
processos de aprendizado, que ninguém nasce sabendo
tudo, que ninguém nasce ativista, ninguém nasce
feminista, ninguém nasce 100% desconstruído, acho
que é um aprendizado diário, até porque o aprendizado
vem muito através da troca, do ouvir o outro. Uso a
minha plataforma para falar sobre o que acredito, sobre
causas que acho que precisam de mais atenção, para
ampliar esse diálogo, tento usar minhas redes com
responsabilidade e da melhor forma possível. Mas não
me cobro e não me permito entrar nessa loucura.

Está com 25 anos de idade e 19 de carreira. É você
mesma que cuida do seu dinheiro ou tem ajuda de
alguém, de um empresário?

Acho que não tem porque falar disso, não é tão
relevante para as pessoas a minha vida financeira. Não
é o tipo de coisa que quero expor.

Compôs uma música para a próxima campanha da
Colcci. Gosta de escrever, de compor?
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