Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1

Castello Branco queria petroleira com foco no pré-sal e em dividendos


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economia

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Nicola Pamplona


Duas semanas antes de o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) anunciar que iria tirá-lo do comando da
Petrobras, Roberto Castello Branco comemorava o
primeiro avanço no plano de venda de refinarias da
estatal, com a proposta de US$ 1, 65 bilhão (R$ 8, 9
bilhões, pelo câmbio atual) do fundo Mubadala por uma
unidade na Bahia.


O interesse pelo ativo, mesmo em meio à pandemia do
novo coronavírus, foi visto como um sinal de confiança
na autonomia da estatal, tanto para definir os preços
dos combustíveis quanto para por em prática o plano de
sair de setores considerados estratégicos e focar no
pré-sal.


Criticada por sindicatos e pela oposição, a venda de oito
refinarias era peça chave no reposicionamento
estratégico da empresa proposto pela gestão Castello
Branco, que acelerou o processo de venda de ativos
iniciado em 2015 e mirava melhorar o retorno aos
acionistas.


A nomeação do general Joaquim Silva e Luna para
substituir Castello Branco, anunciada nesta sexta (19),
abalou a confiança do mercado sobre a continuidade do
plano e traz uma série de incertezas a respeito da
independência comercial conquistada pela Petrobras
ainda no governo Michel Temer (MDB).

Os primeiros reflexos da incerteza foram vistos no
desempenho das ações na sexta-feira (19) fecharam em
queda de 6, 62% na Bolsa brasileira; em Nova York, as
ADRs (certificados de ações negociados nos EUA)
chegaram a cair 11, 24% no after market mas o efeito
pode se aprofundar após declarações de Bolsonaro
sobre novas mudanças em seu governo já na próxima
semana.

Mesmo apoiadores proeminentes, como o economista
Rodrigo Constantino e o influenciador Leandro Ruschel,
criticaram a decisão.

'A decisão do presidente de intervir na Petrobras não
trará benefícios políticos, ao contrário' escreveu Ruschel
em rede social. 'Com esse tipo de atitude, o fluxo de
investimentos será menor, o que diminuirá o ritmo da
recuperação'.

Aliado de primeira hora do governo, que abandonou o
barco em 2020, o empresário Salim Mattar também se
manifestou. 'Lastimávela decisão do governo de tirar
Roberto Castello Branco do comando da Petrobras',
escreveu o ex-secretário de Desestatização e
Privatizações do Ministério da Economia.

Levantamento feito pelo Dieese (Departamento Inter
sindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos)
para a Folha no fim de 2020 mostrava 3: 19, entre
janeiro de 2019 e julho de 2020, a Petrobras abriu 48
processos de vendas de ativos, uma média de 2, 5 por
mês.

Número bem maior do que os 1,4 por mês abertos
durante o governo Michel Temer e oito vezes os o 0,4
por mês verificados na segunda gestão Dilma Rousseff.
Free download pdf