Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1

Três debates na Folha


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Celso Rocha de Barro s


Sempre gostei deste jornal também como espaço de
discussão de idéias e alternativas, hoje mais
necessárias do que nunca


No momento em que a Folha faz cem anos, é natural
que todos se lembrem das grandes reportagens, que
são, de fato, a alma do jornal Mas eu, pessoalmente,
sempre gostei da Folha também como espaço de
debate de idéias. Por isso, resoivi fazer minha
homenagem ao jornal lembrando de três discussões
importantes publicadas aqui. Os textos estão
disponíveis no Acervo Folha (https: //acervo.
foIha.com.br/).


Após a derrota para Fernando Cohor em 1 989, O
Partido dos Trabalhadores formou um "governo
paralelo" um grupo de debates sobre políticas públicas
que embasaria a atua- ção do partido na oposição.


Uma das idéias que circulavam amplamente era a da
renda mínima, defendida nas páginas da Folha desde
os anos 70 pelo então jovem economista Eduardo


Suplicy.

Em um debate do governo paralelo, o economista José
Márcio Camargo elogiou a ideia de Suplicy, mas sugeriu
que o foco inicial do programa fossem as crianças, não
os idosos, como no projeto original do senador.

Tanto quanto sei, seu comentário ao projeto de Suplicy,
publicado na Folha de 26 de dezembro de 1991, é a
primeira formulação do Bolsa-Escola, "um programa que
comple- mentasse a renda de todos os trabalhadores,
desde que eles coloquem seus filhos em escolas
públicas" Em 1994, o Brasil elegeu como presidente um
de seus grandes intelectuais, Femando Henrique
Cardoso. Quem esperava oito anos de grandes debates
intelectuais com o presidente decepcionou-se: FHC
presidente falava como político, como, aliás, tinha
mesmo que fazer.

Porém, no meio da campanha eleitoral, provocado por
dois intelectuais de esquerda -José Luis Fiori (no artigo
"Os moedeiros falsos") e Roberto Mangabeira Unger (na
entrevista "O ideólogo da terceira via")-, Cardoso
publicou, em 10 de julho de 1994, "Reforma e
imaginação", sua defesa mais vigorosa contra a
acusação de que havia "traído seus ideais" aliando-se à
direita, um documento importante sobre o
"neoliberalismo"brasileiro. É um texto de transição entre
o intelectual e o presidente, que cada um julgará separa
empe diante dos resultados posteriores.

Finalmente, quando denúncias de corrupção abalaram o
governo tucano, o filósofo José Arthur Giannotti,
historicamente próximo de FHC, publicou, em 17 de
maio de 2001, "O dedo em riste do jornalismo moral",
manifestando seu temor de que a política de denúncias
morais esva- ziasse apolítica, em que, apesar da
importância indiscutível das regras, sempre haverá uma
"zona cinzenta".

A filósofa Marilena Chaui, historicamente próxima do
PT, respondeu com o belo artigo "Acerca da moralidade
pública", em que defendeu que a imprensa e os partidos
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