Clipping Banco Central (2021-02-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

Ainda segundo interlocutores, Bolsonaro quer que essa
redução seja mais acelerada nos primeiros anos, por
isso cogita o reforço de R$ 20 bilhões à CDE.


A pressa se deve à campanha pela reeleição. O
presidente quer reverter os danos recentes à sua
popularidade.


Pesquisa Datafolha no final de janeiro mostrou uma
elevação de 8 pontos percentuais na reprovação ao
governo, que chegou a 40% e superou novamente a
aprovação (que recuou de 37% para 31%).


Essa queda se deve à má condução da política do
governo para a vacinação contra a Covid-19. Diante
disso, a equipe de Bolsonaro, comandada pela ala
militar, estuda medidas que possam ajudar a reverter a
popularidade do presidente.


A intervenção na Petrobras foi uma dessas ações.
Indicado pelo ministro Paulo Guedes (Economia),
Castello Branco insistia em manter a estatal livre de
qualquer interferência do governo. Com isso, houve
pressão para que ele renunciasse. Porém, Castello
Branco não demonstrou disposição para pedir para sair.


Na quinta-feira (18), a Petrobras anunciou reajustes de
10,2% e 15,1% para gasolina - o quarto deste ano - e
diesel - terceiro de 2021 - , respectivamente, a partir de
sexta.


No mesmo dia, Bolsonaro disse que promoveria
mudanças na estatal e anunciou isenção de impostos
federais sobre diesel e gás de cozinha. A ministros,
mostrou insatisfação com Castello Branco, considerado
"insensível" às altas.


A gota dágua para os militares, ainda segundo
assessores, foi a declaração de Castello Branco de que
uma possível paralisação dos caminhoneiros por causa
do aumento do diesel "não era problema da Petrobras".


Dias antes, Bolsonaro também havia se irritado com
outro reajuste, feito pouco antes da eleição da Mesa
Diretora do Congresso. Para ele, a medida poderia


prejudicar os interesses do governo no Legislativo.

Com a indicação de Lima para presidir a Petrobras,
ganha força a ideia de promover amortecimentos de
preços nos combustíveis. A medida usaria o caixa da
companhia.

Essa foi a estratégia usada pela ex-presidente Dilma
Rousseff (PT), que tinha no comando da estatal sua "fiel
escudeira", Graça Foster.

Naquela época, a petroleira mantinha o preço da
gasolina estável subsidiando com o caixa as flutuações
dos preços internacionais do petróleo. Desta forma, o
governo conseguiu conter a alta da inflação.

O caso foi parar na CVM ( Comissão de Valores
Mobiliários). À época, o conselheiro da Petrobras Mamo
Rodrigues da Cunha afirmou em depoimento à
autoridade que essa política causou um dano de $ 100
bilhões à companhia entre 2014 e 2015.

Cunha ainda é conselheiro da estatal, indicado pelos
acionistas minoritários.

Com o arranjo no setor elétrico, Bolsonaro pode repetir
o que fez Dilma em 2013, quando anunciou um
desconto de 18% nas tarifas residenciais e de 32% nas
tarifas comerciais, contrariando a tendência de alta
então revelada pelo secretário-executivo do Ministério
de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

Dilma justificou a redução com a entrada em operação
de novas linhas de transmissão, que colocariam mais
energia no sistema. Com mais oferta, a lógica era a de
que o preço tenderia abaixar.

Bolsonaro quer baixar a tarifa gastando mais recursos
do Orçamento. Caso essa medida seja levada a diante,
será mais um revés para Guedes, que vem perdendo a
queda de braço com a ala militar que tenta promover
uma agenda populista.

O chefe da Economia era contrário à concessão de
mais uma rodada de auxílio emergencial para aqueles
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