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NOTA FINAL
ALTOS E BAIXOS
+
PC (testado), Mac
E
a fechar a secção de videojogos deste mês,
algo diferente. Além de ser um título made
in Portugal, aposta numa tipologia de joga-
bilidade pouco explorada – ação ao ritmo da música.
Em Agent Klutz, só conseguimos andar ou disparar
a arma se clicarmos no rato no momento certo da
batida da música. O aspeto que mais nos agradou
foi a conjugação da mecânica de jogo com o tema
da história – estamos a falar de um ambiente de
espionagem de tons predominantemente escuros e
que ganha outra piada em arte píxel, quase como se
tivéssemos descoberto um jogo da época da Guerra
Fria perdido no tempo. Apesar de a jogabilidade ser
simples de assimilar – ajuda o facto de a música ser
a mesma em todo o jogo –, acredite que esta não é
uma aventura fácil. Quando chegar ao fim do nível
e lá disser que conseguiu terminar em pouco mais
de dois minutos, na verdade é provável que tenha
demorado mais de dez, pois pelo caminho tropeçou
ou foi morto umas quantas vezes. E em vez de ter nota
A (a melhor classificação), prepare-se para uns D ou
até mesmo E (pior classificação). O grande desafio
está depois em conseguir a melhor classificação,
usando o menor tempo e roubando o máximo de
itens possíveis – sim, o nosso agente é cleptomaníaco.
A mecânica de jogo simples tem um efeito colate-
ral, já que é muito fácil ficarmos frustrados quando
erramos, o que nos leva a cometer logo outro erro,
e outro, o que nos leva a... morrer. Imagine um
tambor a bater. Sempre que ouve a batida, dá um
passo. E só nessa batida é que pode apontar para o
inimigo, tendo depois um curto período de tempo
para alvejá-lo. Se tentar andar fora do ritmo certo,
cai ao chão. E qual é a primeira reação que temos
quando falhámos o ritmo? Voltar a clicar no rato,
o que significa que vamos continuar fora do ritmo
e vamos continuar a tropeçar e a falhar. É por isso
que a sinopse do jogo apresenta-nos o Agent Klutz
como alguém que é trapalhão, mas no final dos
oito níveis disponíveis – é pouco, sem dúvida –,
percebemos que de trapalhão nada tem.
Agent Klutz é uma experiência divertida – o que
verdadeiramente importa num jogo – e tem apon-
tamentos positivos, como a banda sonora, o diálogo
leviano entre as personagens e, de certa forma, a
aleatoriedade do nosso agente. Sim, até podemos ser
um espião que está a tentar desmantelar uma rede
de fabrico de bombas, mas isso não nos impede de
roubar uns quadros, umas carteiras e até uns óculos
de sol enquanto fazemos a nossa missão.
O maior defeito deste jogo é deixar-nos com
vontade de termos mais conteúdo. Não precisava
de ser 10x maior, o dobro já era simpático. Mais
níveis, mais métodos de ataque ou furtividade, mais
músicas, um destino para os itens ou o dinheiro
roubado. Seria também interessante ter o texto do
jogo disponível em português.
Agent Klutz é uma caso típico de “atirar primeiro,
perguntar depois”, tanto no jogo em si, como no
lançamento do mesmo. Rui da Rocha Ferreira
ATIRAR PRIMEIRO,
PERGUNTAR DEPOIS
O estúdio português Not a Game Studio – aham, é mesmo assim – criou
um jogo sobre um agente secreto cleptomaníaco que adora andar aos tiros
AGENT KLUTZ €3,99
Tan, tan, taram,
tan, taram, tan,
taram, peeeeum!
A música vai ficar-lhe
na cabeça
Não é nenhum
Cristopher Nolan,
mas o final
é uma boa reviravolta
Ao fim de um par
de horas, já só lhe
resta repetir
os níveis
Até para um jogo
simples sentimos
falta de mais
elementos
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