REPORTAGEM
EDUCAÇÃO
curso de programação e enfrentam a
última fase do processo de seleção, a
chamada ‘piscine’, depois de terem
ultrapassado dois testes online: um
de quatro minutos, outro de duas
horas. Nesta derradeira etapa, com
a duração de 26 dias, seguidos, têm
de mostrar tudo o que valem, resol-
vendo desafios de programação cada
vez mais complexos.
DOS 17 AOS 61 ANOS
Há sempre alguém a levantar-se para
tirar uma dúvida a um colega, quem
aproxime a cadeira para espreitar o
código que corre no ecrã do vizinho
do lado, quem vá buscar nova dose
de cafeína à máquina. Aqui aprendi-
zagem e socialização andam sempre
a par. “A interação com os outros é
essencial. As empresas adoram isto!”,
insiste Paulo Rodrigues da Silva, que
depois de uma carreira à frente da
Vodafone e da Euronext, se juntou a
Pedro Santa-Clara, professor de Fi-
nanças e responsável pela instalação
da Nova SBE no Campus de Carca-
velos, para trazer para Portugal este
método de ensino, que começou em
Paris. Inteiramente gratuita, graças
à participação de mecenas, sem exi-
gir qualquer formação prévia e sem
horários definidos – a escola nunca
A ESCOLA QUE
NUNCA FECHA
AS PORTAS
Aberta 24 horas por dia, sete
dias por semana, as candidaturas
estão abertas 365 dias por ano,
online. Os próximos Bootcamps
- chamado ‘piscine’ e que
corresponde à última fase
do processo de seleção –
começam a 23 de novembro
e a 4 de janeiro. O primeiro
curso em Lisboa terá início
em fevereiro do próximo ano.
para o terminar. Deixou Braga, onde
estuda e vive, para tentar a sorte na
- Até agora, não se arrependeu da
aposta feita. “Não tenho grande fé no
ensino superior, interessa-me expe-
rimentar novas formas de aprender,
como a que estou a encontrar aqui”,
conta. “Andamos a seguir um mo-
delo obsoleto, onde não se cultiva o
espírito crítico”, denuncia.
UMA CAIXA COM
YOUTUBE DENTRO
Na 42, onde não há professores, ape-
nas lifeguards, ou nadadores-salva-
fecha – o método tem vindo a mu-
dar completamente a forma como se
aprende a programar. Entre os candi-
datos, há os mais variados perfis. Dos
jovens que procuram uma alternativa
à universidade aos profissionais na
casa dos quarenta que querem mudar
de vida, passando por candidatos que
a pandemia atirou para o desemprego.
“Temos candidatos entre os 17 e os 61
anos, entre eles médicos, pilotos, pas-
teleiros...”, exemplifica a responsável
pela comunicação, Mafalda Guedes.
Alexandre Pinto, 25 anos, vai no
terceiro dia de ‘piscine’ e no ter-
ceiro café do dia. Sempre gostou de
programar e de Matemática, mas a
licenciatura nesta área não lhe en-
cheu as medidas – falta-lhe uma ca-
deira para acabar o curso e a vontade