O essencial (guia prático) de Português – ensino secundárioA intriga divide-se em:
A ação central desta obra segue os moldes da tragédia clássica, tais como a peripécia (revelações de Guimarães
a Ega sobre a identidade de Maria Eduarda), o reconhecimento (acarretado pelas revelações de Guimarães,
torna a relação de Carlos e Maria Eduarda incestuosa) e a catástrofe (morte de Afonso da Maia e separação dos
dois amantes).
A intriga secundária (história de Afonso da Maia (pai de pedro e avô de Carlos), história de Pedro da Maia (filho
de Afonso) e história de Carlos da Maia (neto de Afonso)).
Linguagem
Eça de Queirós, nas suas obras, utiliza sempre um vocabulário simples e expressões com sentidos conotativos,
recorrendo ao adjetivo, advérbio e verbo expressivos. Consegue, assim, imprimir um verdadeiro encanto nas
suas palavras com a utilização de ritmos da narração, descrições e monólogos interiores.
O recurso ao diminutivo assume os três significados fundamentais que possui na língua portuguesa: pequenez;
carinho ou ternura; ironia, depreciação ou sentido pejorativo.
O escritor revela ainda um espírito literário dualista, ou seja, por um lado descreve a realidade observável e por
outro a fantasia e a imaginação deste realçam essa mesma descrição. (Descrição – narração pormenorizada;
uso de adjectivos e subjectivação. Ex.: Início da obra, ao enumerar as características do Ramalhete. / Narração –
parte do discurso em que se expõem os factos que lhe servem de tema. Ex: contar a história amorosa de Carlos
com Maria Eduarda).
Educação: Inglesa e Portuguesa - A Educação em “Os Maias”.
A educação (fator de humanização, de socialização e de autonomia) produz ou reproduz modelos sociais que
propõem um sistema de valores e princípios base de uma sociedade.
Na obra encontramos dois sistemas educativos opostos e conceções de educação que nos surgem nas opiniões
ou mentalidades/culturas das personagens: “à portuguesa” - a educação tradicionalista e conservadora, protagonizada por
Pedro da Maia e Eusebiozinho; "à inglesa" - a educação inglesa ministrada a Carlos. Com efeito, esta oposição educativa
não é casual, surge como resultante necessária da execução de programas educativos antagónicos, sendo que ambos
falharam.
A educação "à portuguesa" caracteriza-se pelo recurso à memorização, pelo uso da cartilha (método já
desactualizado e deficiente) e do catecismo, criando uma concepção religiosa com a concepção punitiva do pecado. Era
dada especial atenção ao estudo do Latim, “uma língua morta”, à fuga ao ar livre e ao contacto com a Natureza, pelo que o
educando tinha que ficar em casa superprotegido. O suborno e as chantagens deformavam a vontade própria, acabando
por arrastar os indivíduos para a decadência moral e até física. O Vilaça, o Padre Custódio, a gente da casa dos Maias e a
gente de Resende aprovavam esta educação deformadora, a qual desagradava a Afonso e ao narrador.
A educação "à inglesa" caracteriza-se pelo desenvolvimento da inteligência graças ao conhecimento experimental,
o qual desprezava a cartilha e o catecismo. Defendia o "amor da virtude e da honra" como é próprio de um cavalheiro e a
"um homem de bem". Centrava-se na ginástica e na vida ao ar livre, proporcionando um contacto directo com a Natureza.
Era dada atenção às línguas vivas, como o inglês. Esta educação ministrada a Carlos da Maia preparou-o para a vida e foi,
graças a ela, que ele adquiriu os valores do trabalho e do conhecimento experimental. Era uma educação rígida e
metódica, apoiada por Afonso e pelo narrador, mas desaprovada por Vilaça, Padre Custódio, gente da casa dos Maias e
gente de Resende. Sem dúvida, uma educação mais moderna que a tradicional, mas que vai igualmente conter lacunas. A
educação britânica, cumprida exageradamente à risca, não serve no meio social português.
Não obstante a educação que receber, Carlos, tal como o pai, falha na vida com uma relação incestuosa de que
sai remetendo-se ao dolce far niente em Paris. Pedro falhou por causa da educação, enquanto que Carlos falhou apesar da
educação.