O essencial (guia prático) de Português – ensino secundário
13. POESIA DE ANTERO QUENTAL - (SÉC. XIX)
Nasce em Ponta Delgada (Açores), no dia 18 de abril em 1842. Deixa os Açores aos treze anos para estudar em
Lisboa e depois em Coimbra, onde faz o curso de Direito, participando ativamente nas manifestações da época.
Viveu em Paris, entre 1866 e 1867, trabalhando como tipógrafo. Suicida-se em setembro de 1891.
- Estrutura externa (aspetos formais)
Composições poéticas, na sua maioria sonetos com duas quadras e dois tercetos e versos decassílabos: soneto.
Influência de Camões e de Bocage: estilo clássico - unidade de conteúdo; simplicidade na forma (coerência entre
quadras e tercetos); melhor forma de conjugar razão e emoção.
- Estrutura externa (temática)
Sonetos - duas vertentes: - Configurações do Ideal (tormento do ideal) = Procura de uma finalidade para a existência humana: busca do
ideal; ânsia do absoluto; desejo de sonhar; libertação da noite; transcendência religiosa.
I – Vertente otimista = a tendência luminosa, solar (apolínea) ou diurna = ACREDITA- Rompimento com a fé e insatisfação;
- Fase de empenho combativo (crença na luta por uma sociedade melhor; ideias revolucionárias);
- Hino à razão (racionalidade).
- Angústia existencial = consciência da imperfeição humana (tristeza, pessimismo desencanto, desassossego,
cansaço, dor); vida terrena sem alegria (frustração, deceção, desilusão, desistência); ausência de esperança;
triunfo da dor e do mal; morte
II – Vertente pessimista = a tendência obscura, romântica ou noturna = DESACREDITA- Reinado do pessimismo e a evasão;
- Grande crise sentimental;
- Reconciliação mística (refúgio no sonho e na transcendência religiosa; metafísica, Deus e morte).
- Discurso Concetual:
Complexidade e abstração de conceitos (poesia como complemento do pensamento filosófico, logo tem
um número reduzido de imagens sensoriais).
Materialização da palavra em conceito (muitas vezes maiusculizadas).
Discurso dialogado com personagens alegóricas: Ideia, Razão, Noite, Morte.
Eixo horizontal (relação Eu/Mundo) e vertical (relação Eu/Deus).
- Linguagem e Estilo:
Cenários fantasmagóricos de terror crepuscular ou noturno.
Multiplicidade de personificações, ou mitificações, de maiúscula inicial.
Elementos personificados que figuram como verdadeiras personagens: o (meu) coração, a (minha) alma,
o vento, as nuvens, o mar, a tristeza, a desilusão, etc.
Emparelhamentos temáticos contrastivos: predomínio de vocabulário sugestivo da polaridade claro-
escuro ou da gradação entre o negro e o pardacento (emparelhamento de nomes, com preferência pelo
termo negativo; matizes adjectivais a instalar um claro-escuro mais escuro do que claro).
Cunho clássico (latinismos): gélido, rudo, mesto, ingente, inulto ,
Recursos expressivos: alegoria, personificação, apóstrofe, metáfora, adjetivação.
Meios de magnificação retórica: diálogo, interrogações, reticências, interjeições, superlativos alatinados.
- Simbologia
Realismo (utiliza personagens alegóricas): a ideia, a razão, a noite, a consciência, a morte...