Sínteses de autores-secundário.2021

(José Nuno Araújo) #1
O essencial (guia prático) de Português – ensino secundário

03. HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA – (SÉC. XVI-XVII)


1. Conteúdo programático / Autor / Obra
Origens e natureza:
A História Trágico-Marítima é uma coleção de doze narrativas (conhecidas por «relações»)
de naufrágios ocorridos com naus portuguesas, entre 1552 e 1602.


A compilação de dois volumes, efetuada no século XVIII, foi publicada em 1735 e 1736, respetivamente, por
Bernardo Gomes de Brito, reunindo relatos (relações) de naufrágios ocorridos entre o século XVI e início do
século XVII. Essas «relações», baseadas em episódios verídicos, eram normalmente publicadas em folhetos
pouco depois de ocorridas as tragédias. Quem as escrevia eram sobreviventes dos naufrágios ou indivíduos com
cultura a quem eram contados os pormenores dos mesmos por algum sobrevivente.


2. Estrutura externa (aspetos formais)
Este livro conta 5 histórias de naufrágios de naus portuguesas no século XVI:



  • Capítulo 1: Naufrágio de Sepúlveda (1552);

  • Capítulo 2: A catástrofe da nau “Santiago” (1585);

  • Capítulo 3: A tragédia dos Baixios de Pêro dos Banhos (1555);

  • Capítulo 4: O triste sucesso da nau “S. Paulo” (1560);

  • Capítulo 5: As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565).
    3. Estrutura interna (divisão do texto em partes lógicas, temática ou assuntos tratados)
    3.1. A literatura de catástrofe

  • Estes relatos incluem-se na Literatura de Viagens ( Género literário que consiste na narração de
    experiências, descobertas e reflexões de um viajante durante o seu percurso).

  • A História trágico-marítima é uma epopeia de terror e pavor.

  • Estas narrativas correspondem ao interesse da população em relação aos desastres marítimos, sendo
    que estes naufrágios têm como causas fundamentais:

    • ambição excessiva de lucro, ocasionando a sobrecarga da embarcação;



  • má reparação dos cascos;

  • partida fora de tempo favorável à navegação;

  • ataques de corsários e piratas de várias nacionalidades;

  • inexperiência de alguns marinheiros.
    3.2. “As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho”

    • A matéria trágico-marítima constitui parte integrante da épica da nação portuguesa – o heroísmo e a
      glória são acompanhados pela desgraça e destruição.

    • O naufrágio é metáfora da vida humana.

    • Na iminência do naufrágio todos confessavam os seus pecados e invocavam a misericórdia divina.

    • Os relatos de naufrágios da época das Descobertas expressam a funesta ruína de vidas e destruição de
      fazendas, inaugurando uma literatura de perda, com base na dimensão mais negra do período áureo da
      História de Portugal.

    • Na História trágico-marítima relata-se a ganância, a imprevidência, a impreparação e outras causas dos
      trágicos naufrágios que enlutaram a história da expansão ultramarina.
      3.3. Antiepopeia dos Descobrimentos
       O reverso da medalha do tempo áureo de “Os Lusíadas” e os sacrifícios pelos quais os portugueses
      tiveram de passar, designadamente o sacrifício da própria vida, a tentação da rapina e até o canibalismo
      invadem essas páginas trágicas.
       A estrutura destes relatos aproxima-se da narrativa de viagens, verosímil ou fantástica, mesmo que o
      narrador não tenha participado na história, baseada na partida e na procura de um bem.



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