(20200700-PT) Exame Informática 301

(NONE2021) #1
/ PORTUGAL FAZ BEM

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húmidos de limpeza das mãos são dos
exemplos mais conhecidos de “tecido
não-tecido”).
Os materiais usados nos “tecidos não-
-tecidos” distinguem-se por manterem
bons níveis de filtração e respirabilida-
de – mas têm um senão: boa parte das
máscaras de nível 1 estão classificadas
como cirúrgicas – e são descartáveis.
O que levanta um problema ambiental,
pois os “tecidos não-tecidos” usados
nestas máscaras são constituídos maio-
ritariamente em polipropileno, poliéster
ou fibras celulósicas que não são biode-
gradáveis.
No CITEVE, a questão ambiental tam-
bém já está identificada: “a nossa prio-
ridade passa por materiais que podem
ser usados várias vezes e que, no final do
ciclo de vida, podem ser reciclados para
dar origem a novos produtos. As másca-
ras biodegradáveis poderão constituir
uma boa solução ambiental enquanto não
for possível a reciclagem total”, responde
Braz Costa.
Há muito que o braço tecnológico dos
Têxteis nacionais trabalha com materiais
inteligentes para desenvolver produtos
sofisticados – mas nas máscaras essa
evolução está por fazer. “Outro vetor de
investigação passa pelo desenvolvimento
de máscaras inteligentes com nanopar-
tículas de materiais que atuam direta-
mente sobre o vírus. São soluções que
podem levar ao uso de nanopartículas
de grafeno ou óxidos metálicos”, refere
Raul Fangueiro. O uso de substâncias
ativas poderia operar como um verda-
deiro “ovo de Colombo” da profilaxia,
mas também comporta desafios: “Há um
trabalho muito longo a fazer na colocação
de biocidas numa máscara. Tem de ser
algo compatível com o contacto com
mucosas ou outras partes do corpo”.
O uso de filtros internos que permi-
tem fazer upgrades de níveis de proteção
é outra das soluções que têm vindo a
combinar versatilidade e conforto. No
caso das máscaras de nível 1, destaca-se
ainda o uso de válvulas que facilitam a
respiração. “Genericamente, os requisi-
tos de respirabilidade determinam que
as máscaras devem permitir a passagem
de oito litros de ar por minuto. É um in-
dicador que resulta do estudo empírico,
que permite uma respiração confortável
e evita a concentração de CO2. Esta é
uma característica que as pessoas tendem
a esquecer: as máscaras têm de filtrar,
mas têm de deixar as pessoas respirar.
Se a máscara não tiver respirabilidade


MÁSCARAS CIRÚRGICAS
Descartáveis depois de cada tarefa
ou cenário em que foram usadas.
São desenhadas para evitar que o
utilizador contamine o ambiente e
pessoas em volta. Estão certificadas
para filtrar especificamente bactérias.
São produzidas em “tecido não-tecido”.
Segundo o Infarmed, as máscaras
cirúrgicas com maiores níveis de
proteção devem ter capacidade
de filtrar 98% das partículas de
três micras (0,003 milímetros) que
circulam dos dois lados da máscara.
Só os dois graus mais exigentes
destas máscaras são aceites nos
cuidados de saúde.

EQUIPAMENTOS
DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Podem ser rígidas, e terem a
configuração de “bico de pato”.
São desenhadas para proteger o
utilizador, através da filtração de
partículas. Também são constituídas
por “tecidos não-tecidos”. Há versões
descartáveis – e também versões
reutilizáveis, que pressupõem o uso
de filtros descartáveis de uso interno.
A norma EN149 define três graus de
proteção para estes equipamentos.
O Infarmed determina que só os dois
graus com proteção mais exigente
podem ser usados em cuidados de
saúde. Estes dois graus de proteção
devem garantir a filtração entre 95%
e 99% das partículas nanométricas
(abaixo do mícron). Podem incluir
válvulas ou permitir a permuta de
filtros internos para garantir o upgrade
ou o downgrade de níveis de proteção.
Também há modelos com válvulas que
aumentam a respirabilidade.

Incluem máscaras cirúrgicas
e equipamentos de proteção
individual que devem ser usados
fora de unidades de saúde.

NÍVEL 2
Destinam-se a pessoas e profissionais
com muitos contactos sociais. Podem
ser feitas de tecidos convencionais
ou “tecidos não tecidos”, desde que
cumpram as especificações de oito
litros de ar por minuto, e filtração
de 90% das partículas. Podem
ser laváveis (de 5 a 25 vezes) ou
descartáveis.

NÍVEL 3
Para a maioria dos cidadãos que têm a
possibilidade de respeitar as regras do
distanciamento social. Devem garantir
capacidade de filtração de 70% das
partículas, e devem garantir índices de
respirabilidade de oito litros de ar por
minuto. Podem incluir-se neste grupo
as máscaras produzidas em casa que
seguem os manuais de referência.
Podem ser laváveis ou descartáveis.

MÁSCARAS


PARA CUIDADOS


DE SAÚDE - NÍVEL 1


MÁSCARAS


COMUNITÁRIAS


e proteção, porque quanto mais eficaz
for a barreira (para as partículas que vêm
do exterior), maior resistência se cria à
passagem do ar”.
O conforto não se esgota na respira-
bilidade. “Durante a pandemia, todos
vimos imagens de marcas, feridas, e ir-
ritações cutâneas nos rostos de médicos
e enfermeiros. Esta é também uma área
que se tem estudado muito”, acrescenta
Raul Fangueiro.
Toda esta evolução não poderá perder
de vista a estética. As máscaras que sur-
giram nas passerelles até à data não foram
além dos apontamentos artísticos. Braz
Costa acredita que a necessidade acabará
por produzir mudanças: “não direi que
vai acontecer o mesmo com as batas ou
as luvas, mas não tenho dúvidas de que
as máscaras vão integrar as próximas
coleções moda”.

não funciona como filtro, mas sim como
defletor e as partículas saem pelos rebor-
dos”, informa Braz Costa.
Raul Fangueiro lembra que o equilí-
brio de funcionalidades deverá ter em
conta questões de ordem prática: “Há
sempre uma dicotomia entre conforto

MÁSCARA
CIRÚRGICA
SIMPLES

MÁSCARA
DE NÍVEL
2

NÍVEL 2
COM FATOR
ESTÉTICO

VERSÃO
COM
VÁLVULA
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