78
nota final
ALTOS E BAIXOS
+
Q
uatro anos depois do final dos aconte-
cimentos de The Last of Us, a história do
capítulo II recomeça com Ellie e Joel a
viverem em Jackson, uma espécie de ‘oásis
no deserto’, já que é uma cidade protegida dos
infetados que continuam a deambular pelo país.
Se não teve oportunidade de jogar o título inicial
não ficará perdido no enredo global, pois, logo de
início, é feita uma sinopse. Refira-se que, como
é (bom) hábito nos exclusivos da PlayStation, as
vozes estão dobradas em português, mas admiti-
mos que recorremos ao áudio original, uma vez
que tinha sido a opção que nos acompanhou no
primeiro capítulo da saga.
Este é um título visualmente cativante desde o
início: os rostos, a neve, a vegetação, os cavalos...
- há uma atenção ao detalhe por parte da Naughty
Dog que não passa despercebida e de que é exemplo
o cavalgarmos pela exata zona onde termina a ação
da história original. Porém, o que sentimos que
continua a marcar verdadeiramente a diferença
em The Last of Us é a narrativa, particularmente no
que se refere ao desenvolvimento das personagens,
que estão longe de serem psicologicamente unidi-
mensionais. Não queremos colocar aqui spoilers –
consideramos que as surpresas do enredo são uma
parte fulcral para a narrativa nos agarrar –, mas
podemos adiantar que, após uma série de eventos
traumáticos, vamos presenciar uma espécie de lado
negro de Ellie à medida que ela percorre o país em
busca de vingança. É uma prova de algo que temos
tendência a esquecer: se o amor é um catalisador,
o ódio também o é.
FURTIVIDADE E MAIOR PERSONALIZAÇÃO
Em termos de jogabilidade, o capítulo II segue a
bitola do I, embora com alguns refinamentos. Um
exemplo é o esquema de árvore do melhoramento
dos atributos da personagem, que nos permitirá
uma maior personalização consoante o nosso estilo
de jogo. No que diz respeito ao combate, Ellie agora
passa a contar sempre com uma faca, em vez de ser
obrigada a fabricar uma nova sempre que uma antiga
se partia. E esta é uma arma importante, porque é
dada maior importância à furtividade. Aliás, quando
surgem hordas numerosas de infetados (ou um novo
tipo de infetado cuja mutação o tornou ainda mais
poderoso), o mais sensato é até evitar o confronto e
fugir. Ellie agora também é capaz de rastejar e de se
esgueirar por entre espaços estreitos. No combate
corpo-a-corpo também passa a ser essencial saber
escolher os momentos certos para fazer esquivas e,
assim, evitar os danos dos golpes dos inimigos – aos
infetados juntam-se ainda fanáticos religiosos e
rebeldes paramilitares.
Outra prova inequívoca de que estamos perante
um grande jogo, que faz total justiça ao original, é
a soma dos muitíssimos pormenores espalhados ao
longo da ação. Exemplos disso são as colecionáveis
cartas de super-heróis e vilões que vamos encon-
trando e que nos relatam a origem de cada uma
dessas figuras. Há ainda os acordes que temos de
dominar para pôr Ellie a tocar guitarra e a cantar
versões acústicas de clássicos dos anos 80, como
Take On Me dos A-ah – aliás, há várias referências
à cultura popular dessa década e da seguinte (por
exemplo, o filme Rutura Explosiva). Tal como acon-
tece com Arthur Morgan em Red Dead Redemption 2,
agora Ellie anda com um diário no qual faz desenhos
e toma notas. É um detalhe interessante que ajuda a
adicionar uma camada psicológica à nossa menina
dos All-Star, mas, por vezes, o timing das entradas
parece fora de contexto. Mas esta é indiscutivel-
mente uma jornada épica que vale (muito) a pena
documentar. Paulo Matos
4,5
PS4 (testado)
Ellie a fumar um
charro e a beijar
outra rapariga...
A nossa menina
cresceu
O esboço da letra
de uma música
no diário – brilhante!
Bolas, esta
história prende-nos
mesmo ao ecrã
Hum, tanto
tempo sem um
pouco de sangue...