78
ALTOS E BAIXOS
+
NOTA FINAL
4,1
PS5 (testado)
DEMON’S SOULS €79,99
Abençoado SSD.
Se não fosse
este carregamento
rápido, teria
desistido
à centésima
vez que morri...
Tex t u r a s e
iluminação em alta
com o ray tracing
Só isto? Este
enquadramento
narrativo é curto
para uma história
tão rebuscada
Com mil raios,
isto é difícil
para caramba!
L
ançado originalmente para PlayStation 3
em 2009, Demon’s Souls não foi alvo de um
simples remake, sofreu uma recriação de
raiz nesta versão para PS5. A Sony foi inteligente
na escolha deste título como uma das bandeiras
para a sua nova consola, pois todo o ambiente está
vocacionado para tirar proveito da tecnologia de ray
tracing: no nevoeiro, que é uma presença constante;
no jogo de luzes, que oscila entre a escuridão das
sombras e o brilho do fogo; e na água, que se mo-
vimenta e reflete de forma realista. Graficamente,
Demon’s Souls é um mimo.
OLHA QUE TREVAS TÃO BONITAS
Confesso que não joguei o título original, pelo que
esta foi a minha porta de entrada para este universo.
Gostei da personalização que podemos fazer da
nossa personagem logo no início. É natural que
a maioria das imagens que veja do jogo tenham
um cavaleiro como herói principal, mas há muitas
outras opções para explorar. A partir daí, é mergu-
lhar em Boletaria, um reino que está desligado do
mundo exterior após a invocação de um demónio
que libertou criaturas com um constante apetite
por almas humanas. Fiquei sempre à espera de
um desenvolvimento maior do enredo, mas ainda
bem que estava sentado... Esta é, aliás, uma boa
metáfora para Demon’s Souls: aqui as coisas não são
entregues de mão beijada ao jogador e também não
há grandes pistas sobre o que vem a seguir (daí as
mensagens deixadas por outros gamers serem tão
importantes); é assumido que o jogador tem de se
envolver a sério no desenvolvimento das caracte-
rísticas da personagem e que tem de ser persistente.
É que este é um jogo difícil, muito difícil, pelo que
se acha que não terá paciência para morrer imensas
vezes e recomeçar tudo bem lá atrás (os pontos de
gravação não são frequentes), poupe €80.
Claro que depois entra em cena a balança frustra-
ção versus satisfação, pois o sentimento de recom-
pensa quando se elimina um boss é única. O sistema
de combate implica, mais uma vez, paciência e
estratégia. Não se pode querer ‘levar tudo à frente’,
há que identificar as lacunas dos inimigos, esperar
o momento certo, escolher a arma que melhor se
adequa, perceber que há momentos em que é pre-
ciso recuar... Depois de morrermos a primeira vez,
vamos parar ao Nexus, que é quase o ecrã Home,
pois permite melhorar a nossa personagem e es-
colher para onde vamos a seguir. É que este não é
um mundo linear. Depois de matarmos o primeiro
boss deparamo-nos com uma panóplia de missões
que podemos escolher livremente – podemos até
começar uma, chegar a um ponto que não consegui-
mos passar, regressar para fazer outras e melhorar
o boneco, e voltar mais tarde. Paulo Matos
Um RPG feito à medida das capacidades gráficas da nova consola da Sony. A
jogabilidade é muito difícil, pelo que momentos de frustração serão inevitáveis
MATAR DEMÓNIOS
NÃO É PARA QUEM QUER...