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Bruno Boghossian - Pazuello busca uma rota de fuga


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Bruno Boghossian


Brasília - Eduardo Pazuello descobriu o tamanho da
"gripezinha". Depois de uma reunião nesta quinta (25), o
ministro da Saúde culpou as mutações do coronavírus
pela situação crítica registrada em várias cidades do
país. "Estamos enfrentando uma nova etapa dessa
pandemia. mutado nos dá três vezes mais
contaminação", declarou.


Apesar de ocupar o cargo há nove meses, o como se
tivesse acabado de chegar ao gabinete. O discurso da
"nova etapa" parece um esforço para pintar a tragédia
continuada como uma crise imprevista. O objetivo é
buscar uma rota de fuga e apagar o comportamento
desastroso do governo no último ano.


Pazuello apontou as mutações como vilãs inesperadas,
mas a microbiologista Natália Pasternak explica que o
surgimento delas era previsível. "Variantes aparecem
em locais onde o vírus corre solto. N ão fomos pegos de
surpresa", diz. "Elas são preocupantes, mas isso não
quer dizer que a situação estava sob controle. As
variantes agravam o problema."


O ministro disse ter monitorado o surgimento dessas
cepas em outros países e citou o Reino Unido, onde o
governo impôs medidas de restrição assim que
descobriu detalhes de uma nova mutação. Pazuello
quase demonstrou espanto com a variante brasileira Pi
e com o colapso de hospitais pelo país. Ele só não quis
dizer que essa linhagem já é conhecida por aqui há pelo
menos 40 dias.

Em busca de imunidade, o general afirmou que havia
uma "situação de estabilidade" em novembro e que
esperava manter a situação com a chegada da vacina.
Três meses se passaram, e o governo não consegue
enviar para o lugar certo as doses que tem. Para piorar,
continua brigando com laboratórios que poderiam
ampliar a oferta de imunizantes.

O general acordou atrasado. O Brasil tem uma média
diária superior a 1.000 mortes há mais de 35 dias, mas
Pazuello só quis reconhecer o problema agora.
Segundo Pasternak, há tempo para contornar a crise:
"O que não se pode fazer é jogar a culpa na variante e
cruzar os braços".

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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