Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

Maria Alice Setúbal - Escuta, participação cidadã e responsabilização


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Maria Alice Setúbal


Compreender bairro, cidade e país exige ouvir o
diferente, manter o diálogo


Maria Alice Setúbal


Doutora em psicologia da educação (PUC-SP),
socióloga e presidente do conselho da Fundação Tide
Setúbal e do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas)


Iniciamos 2021 com uma nova onda de Covid-19,
revelando um estado de calamidade pública em
Manaus. Não temos ainda a certeza da extensão dessa
nova variante do vírus para as demais regiões do país,
mas os números mostram que estamos em um cenário
dramático. Nele, temos um governo federal sem plane j
amento para a compra e distribuição das vacinas,
causando insegurança em toda a população.


Da compra, distribuição e atendimento à população com
a vacina até a abertura das escolas para aulas
presenciais, o debate e as possíveis ações sobre todos


os temas tornam-se encapsulados por posicionamentos
ideológicos que pouco têm a ver como uma visão mais
consistente da realidade e do que é melhor para as
pessoas.

Lideranças populistas de extrema direita, embora eleitas
pelo voto direto, buscam inúmeras formas de restringir o
espaço democrático, difundindo o ódio e o conflito entre
os diferentes grupos, inviabilizando o diálogo e a escuta
entre pontos de vista diversos ou opostos. Na maioria
das vezes não importam dados, argumentos racionais
ou exemplos históricos - as palavras e os discursos
servem para inflamar o "nós contra eles", já comum há
muitos anos, e tornam inviável qualquer construção de
pontes.

Várias vozes têm apontado para a importância de
buscar o diálogo entre pessoas com posicionamentos
diversos, assim como entre os diferentes setores da
sociedade: mercado, Estado, academia, organizações
da sociedade civil ou entidades filantrópicas, de modo a
construirmos consensos que nos façam avançar como
pessoas e como sociedade.

Diversas cidades e países no mundo têm buscado
modelos de implementação de políticas de forma mais
participativa para que seus cidadãos possam opinar
sobre questões que lhes dizem respeito e também
responsabilizar-se por monitorar os resultados. Ricardo
Abramovay explica com mais detalhes as diferentes
experiências bem-sucedidas pelo mundo no artigo "Para
fortalecer a democracia, o voto a cada dois anos não
basta".

Por aqui surgem possibilidades contemporâneas de
participação citadas por Abramovay que, embora ainda
sejam experiências pontuais, têm resultados que podem
apontar caminhos interessantes de diálogo que
envolvam questões de interesse para toda a sociedade
e não apenas para um pequeno grupo.

A organização Delibera Brasil, por exemplo, desenvolve
iniciativas com a formação de miniassembleias para
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