Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

Caio Pompeia - As cinco faces ambientais do agronegócio


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Caio Pompeia


Além de estratégias das empresas, posições de
associações são fundamentais


Caio Pompeia


Autor de 'Formação Política do Agronegócio' (ed.
Elefante) e ex-pesquisador visitante na Universidade
Harvard, atua no Programa de Pós-Doutorado em
Antropologia Social da USP


Reportagem publicada nesta Folha ("Fundo
escandinavo exclui Cargill, Bunge e ADM por
desmatamento no Brasil"; 5.fev.21) apontou que o
Danske Bank havia excluído "traders" (operadores
financeiros) de dois dos seus fundos. A justificativa do
banco era a de que, apesar de reconhecer parte dos
compromissos ambientais das empresas, não
enxergava uma "agenda política mais forte" no país a
confrontar o desmatamento na Amazônia.


A consideração ressalta a importância de se
identificarem, além das estratégias dos empresários e


das firmas nas cadeias produtivas, as posições das
associações que os representam. Distinguem-se abaixo
cinco de suas agendas ambientais:

1 - As reivindicações "negacionistas" contestam
compromissos climáticos do Brasil, dispositivos do
Código Florestal e a existência do Ministério do Meio
Ambiente (MMA). Paralelamente, encorajam alterações
legais e administrativas que promovem antes a
expansão horizontal que abusca por vantagens
competitivas. Tendo na União Democrática Ruralista
sua manifestação mais visível, elas readquiriram ímpeto
desde as últimas eleições presidenciais;

2 - As posições "conservadoras" convergem com as
extremistas na defesa da atual política ambiental e nas
críticas às demarcações de terras indígenas. Por outro
lado, graduam algumas das propostas mais
radicalizadas: não são contra o Acordo de Paris, porém
requerem metas mais tímidas para o país, e preferem a
continuidade do MMA, desde que sob comando
adequado a seus posicionamentos. Tais agendas têm
uma porta-voz na Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil, que presentemente aprofunda sua
atuação com a Frente Parlamentar da Agropecuáriano
Congresso;

3 - Os pleitos "volúveis" não investem com ímpeto
contra parte relevante das propostas antiambientais no
Congresso, onde têm influência considerável. De outra
parte, forçados por críticas, diferenciam-se das posições
conservadoras em seus compromissos com as
moratórias e a rastreabilidade. A Associação Brasileira
das Indústrias de Ã"leos Vegetais é um exemplo;

4 - Os posicionamentos "descarbonizadores" opõem-se
claramente à política ambiental do governo Jair
Bolsonaro. Têm defendido a transição para uma
economia debaixo carbono, o combate ao
desmatamento ilegal no país, o Código Florestal e as
unidades de conservação. Tais posições encontram
liderançana Coalizão Brasil Clima, Florestas e
Agricultura;
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