Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

Nos 100 da Folha , saúdo e reivindico


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Reinaldo Azevedo


Jair Bolsonaro tem uma fila imaginária de candidatos ao
pelotão de fuzilamento. Ninguém tem o direito de
duvidar de que esta Folha está lá na ponta. Faz sentido.
Falando dia desses a formandos de uma escola militar,
o presidente teve um de seus costumeiros delírios de
impotência e deixou claro que não é por sua vontade
que vivemos numa democracia.


Sobrava sinceridade onde falecia a decência. Faço uma
citação, não um ultraje à sua biografia. Em vídeo de 1
999, ele deu sua receita para mudar o Brasil -parte de
seu projeto, destaque-se, está em curso com os três
decretos inconstitucionais e subversivos sobre armas.
Tonitruou então: "Só vai mudar [O paísj, infelizmente,
quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um
trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30
mil, começando com FHC. Não vamos deixar ele pra
fora, não': O Daniel Silveira da época não recebeu o
tratamento adequado. Deu no que deu. É certo que
jornalistas estariam entre as prioridades de sua
obsessão exterminadora. Os profissionais da imprensa
realmente independente desconsertam o mundo de


Bolsonaro com a busca da verdade objetiva.

Na fala acima, ele cometia um crime, que ficou impune,
sob o pretexto de exercitar a imunidade parlamentar. O
jornalismo profissional dispõe da liberdade de
expressão e de imprensa, duas garantias
constitucionais. Confronta com os fatos as mistificações
do presidente ou de seus adversários. Evidencia que o
exercício do poder -também de se opor- não pode se
confundir com uma indústria de atos criminosos.

Os 30 mil fuzilados se tomaram uma pretensão modesta
quando cotejados com a montanha de mortos que a
negligência do governo tem fabricado nestes dias de
pandemia. Somos personagens de tempos sombrios.

Cabe a todos os que têm compromisso com a ordem
democrática, e muito especialmente à imprensa, a
tarefa de evitar que o navio aderne na guerra de todos
contra todos, promovida por uma gestão incompetente,
por um governante inepto e por uma súcia de fanáticos.

Vejo a Folha enfrentar a truculência com rigor e método,
em defesa das liberdades de expressão e de imprensa;
dos direitos humanos, com especial atenção às políticas
de reparação; do meio ambiente; da pluralidade -dos
valores, enfim, que plasmam uma sociedade que há de
ser moderna, aberta e justa.

E o faz sem se descuidar do zelo com a coisa pública, o
que implica buscar a efetividade da Justiça no combate
ao malfeito. Há um jornal vigoroso, corajoso e inquieto -
mais afeito, às vezes, a novidades do que a antiguidade
deste escriba pode absorver. Mas eu tenho apenas 59
anos e posso me dar ao luxo de ser meio velho. Um
veículo que chega aos 100 tem a obrigação de buscar o
novo -se possível, de liderá-lo.

Sou colunista desde 2013. É uma condição de risco: 0
que você escrever será publicado. Vire-se! Na década
de 1990, fui editor-adjunto de política e coordenador da
área na Sucursal de Brasília. Eram cargos de confiança.
Nunca houve vetos a quês e "quens': A única orientação
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