Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

FLAVIA OLIVEIRA - Avesso do liberalismo


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O presidente armamentista se zangou com a sequência
de reajustes nos preços dos combustíveis e disparou
sem dó a metralhadora giratória. Alcançou muitos alvos,
mas falhou no objetivo principal. Quinze dias de
verborragia e canetadas não renderam um centavo de
queda no valor do óleo diesel nem da gasolina. No
levantamento periódico da Agência Nacional do
Petróleo (ANP), o diesel sobe há quatro semanas -
desde o início de 2021, anabolizado por três aumentos
nas refinarias da Petrobras (34,8% acumulados), o litro
saiu de R$ 3,675 para R$ 3,881. A gasolina avança
semanalmente desde meados de dezembro do ano
passado. Na média nacional, após quatro reajustes pela
estatal só neste ano (27,5%, ao todo), está custando R$
4,917 por litro. Passa de R$ 5, quase um dólar, em 11
estados (MS, AL, BA, CE, PI, RN, AC, PA, TO, MG, RJ)
e no Distrito Federal.


Jair Bolsonaro não é bobo. Sabe quão vital para o
projeto de reeleição é manter a popularidade na faixa de
30%. Sem nada de bom a apresentar no enfrentamento
à pandemia da Covid-19, que já matou mais de 250 mil
brasileiros, nem àvulnerabilidade social; tendo sepultado
a Lava-Jato, outra mola da candidatura em 2018;


escolheu se aproximar do Centrão e adular o eleitorado
mais fiel. Daí, os decretos de facilitação do acesso a
armas de fogo às vésperas do carnaval e o aceno aos
caminhoneiros, categoria que move a economia.

Na sequência de atos, o presidente apresentou projeto
de lei propondo valor fixo e unificado do ICMS.
Desagradou governadores, porque o imposto que mais
pesa nos combustíveis é também importante fonte de
arrecadação. Secretários da Fazenda assinaram
documento atribuindo a flutuação dos derivados à
Petrobras e defendendo o debate na reforma
tributária, ressuscitada no Congresso Nacional. Esta
semana, em nova estocada nos estados, Bolsonaro
publicou decreto obrigando postos de combustível a
discriminar o valor dos impostos em painéis para a
clientela.

Antes disso, já anunciar a suspensão de Cide e
PIS/Cofins, tributos federais, a partir de l2 de março, por
dois meses no diesel e permanente no gás de cozinha.
O gás liquefeito de petróleo, o GLP dos botijões, é item
fundamental na matriz energética residencial e tem
assombrado as famílias pela escalada nos preços.
Impostos federais pesam 9% no preço final do diesel e
3% no GLP. A renúncia fiscal com a desoneração foi
estimada em R$ 5 bilhões, sem que Bolsonaro tenha
indicado de onde virá a receita compensatória, como
exige a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O golpe mais duro foi na Petrobras. Contrariando regras
que balizam anúncios públicos de companhias abertas,
avisou pela internet que faria mudanças na estatal. Não
satisfeito, sextafeira passada, após o fechamento do
mercado acionário, anunciou o general Joaquim Silva e
Luna, então diretor de Itaipu Binacional, como
presidente da companhia, em substituição a Roberto
Castello Branco, economista indicado pelo ministro da
Economia, Paulo Guedes, de quem é amigo desde os
anos 1980.

Os investidores da Bolsa responderam com o segundo
maior tombo das ações da Petrobras num só pregão:
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