Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

FABIO GIAMBIAGI - Houston: temos um problema


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: FABIO GIAMBIAGI


Os EUA, com Joe Biden (detalhe importante), estão
vacinando 1,6 milhão de pessoas por dia. Naturalmente,
com pessoas começando a ganhar a segunda dose ao
mesmo tempo que outras ganham a primeira, isso
significa que o número de pessoas, no estágio atual,
que ganham imunização contra a covid-19 a cada dia
tende a ser da ordem de metade disso. Mesmo assim, é
um feito expressivo, apesar do que, mantido o ritmo de
vacinação, meus amigos que vivem nos EUA têm a
expectativa de que o quadro geral só ficará melhor no
último trimestre do ano. Para que o leitor tenha uma
ideia, enquanto isso, o Brasil está vacinando a um ritmo
de pouco mais de 250 mil pessoas por dia. Se contra a
Alemanha perdemos de 7 a 1, em matéria de vacinação,
contra os EUA de Biden estamos perto disso. Para
colocar uma tragédia humana ainda na linguagem
futebolística, no campeonato mundial de vacinação, não
é que estejamos no Z4 da Série A: estamos na Série D!
No combate à covid-19, o Brasil é o Ibis do planeta - o
clube que, na definição da Wikipédia, ganhou o epíteto
de "pior time do mundo". Estamos flagrantemente
atrasados.


Mais de 20 anos de dedicação à causa da Previdência
me deram familiaridade com as estatísticas
demográficas, com as quais sempre aprendo. Diante
dos problemas do dia a dia, esta semana me debrucei
sobre as estatísticas do IBGE da Projeção Populacional,
feita em 2018 para os anos até 2060. Todas as vezes
que lido com essas informações, sinto orgulho pelo que
faz o IBGe, uma das instituições ícones de nosso
combalido setor público. Lá é possível saber, por
exemplo, a estimativa de mulheres de 27 anos que se
espera que o Brasil tenha em 2058, por exemplo.
Evidentemente, são projeções sujeitas à margem de
erro, porque os parâmetros demográficos são mutáveis
e sobre eles não se tem controle, mas são um ótimo
instrumento para o planejamento das políticas públicas.

Pelas projeções, o número de nonagenários no País (a
rigor, com idade de 90 anos ou mais) em 2021, numa
população de 213 milhões de pessoas, é de 856 mil
indivíduos. Daí para baixo, é possível saber quantas
pessoas há em cada idade simples: são 192 mil com
exata- mente 89 anos; 222 mil com 88 anos; etc. Como
a estrutura etária é uma pirâmide, à medida que diminui
o número de anos, há mais gente por cada idade
simples: 581 mil pessoas com exatamente 80 anos; 1,3
milhão com 70 anos; 2,1 milhões com 60 anos; e assim
sucessivamente. Com 40 anos exatos, há 3,3 milhões
de pessoas. Agregando por faixas etárias maiores, a
conta é a seguinte: 18 e 19 anos: 6,3 milhões; 20 a 29:
34,1 milhões; 30 a 39: 34,3 milhões; 40 a 49: 29,9
milhões; 50 a 59: 24,2 milhões; 60 a 69: 17,3 milhões;
70 a 79: 9,4 milhões; 80 a 89: 3,8 milhões; 90 e mais:
0,9 milhão.

Esse total dá um número arredondado de uma
estimativa da população-alvo para vacinar de 160
milhões de indivíduos (75% da população total).
Detalhe: de um modo geral, no Brasil, um mês depois
do início da vacinação, ainda estamos no grupo de 80
anos e mais!! Façamos uma conta simples
arredondada: 250 mil vacinas por dia dão imunidade a
125 mil pessoas por dia, grosso modo. Em breve, para
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