Clipping Banco Central (2021-02-26)

(Antfer) #1

Um ano mortal


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Epidemia de Covid-19 faz aniversário no país em rota
desastrosa traçada por Bolsonaro


O Brasil completa 12 meses da chegada da Covid ao
país com um quarto de milhão de mortos. Os 250 mil
óbitos lhe dão um vergonhoso segundo lugar no mundo,
atrás dos EUA e suas mais de 500 mil vítimas.


O vírus Sars-CoV-2 matou no país mais que todos os
tipos de tumor (235 mil pessoas em 2019), mais que
outras doenças do aparelho respiratório (162 mil), mais
que a soma de todas as causas externas (143 mil),
como os homicídios e acidentes de trânsito.


Brasileiros somos menos de 3% da população
planetária, mas aceitamos 10% da mortandade pelo
coronavírus. Em várias nações as curvas de infecções e
mortes recuam, enquanto aqui se bate novo recorde
diário de mortos nesta quinta (25). O indicador de
nosso fracasso cotidiano está há mais de um mês acima
do patamar de mil óbitos.


O governo de Jair Bolsonaro carrega a maior
responsabilidade p elas vidas cujas perdas poderiam ter


sido evitadas. Para tanto precisaria empenhar-se na
questão sanitária, e não em fomentar mitologias entre
seguidores fanáticos.

A manutenção do general Eduardo Pazuello no
Ministério da Saúde atesta indiferença diante da
epidemia galopante. Nenhum sintoma da incompetência
é mais escandaloso do que entregar no Amapá 78 mil
doses de vacina destinadas ao flagelado Amazonas ,
com mais mortes por Covid-19 em 2021 que no ano de
2020 inteiro.

Não admira, em face de erro tão crasso de logística,
que o Brasil esteja na 19ª posição do ranking global de
vacinação. Em seis semanas, aplicaram-se pouco mais
de 6 milhões de doses, suficientes para menos de 3%
da população - e isso num país que já se mostrou capaz
de imunizar 1 milhão de pessoas por dia contra a gripe.

A razão do fiasco está na escassez de vacinas, vez que
Bolsonaro se dedicou mais a pôr em dúvida sua
segurança e eficácia do que a providenciar
encomendas. Mesmo no auge do morticínio o
presidente mantém objeções contratuais risíveis contra
fornecedores, como se estivesse em situação de
escolher qual produto comprar.

Nada a estranhar num governante que se recusa a
coordenar um plano nacional para a Covid, que fez
campanha diuturna a favor de charlatanices, que se
recusa a dar exemplo usando máscara e que promove
aglomerações.

Nunca fizemos distanciamento social decente, não
rastreamos contaminados para isolá-los e seguimos
despreparados para a vigilância genômica capaz de
detectar novas variedades do vírus. Cometemos erros
em todos os níveis de governo e como cidadãos.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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