000.Poesia trovadoresca

(José Nuno Araújo) #1

Curso Profissional Técnico de Cozinha / Pastelaria
Poesia trovadoresca
Cantigas de amigo, amor, escárnio e maldizer
005 - Português, outubro 201^6
Cantigas de amigo:
“ Ondas do mar de Vigo”
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai, Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado?
E ai Deus, se verrá cedo!


Autor: Martim Codax, Jogral medieval
Nacionalidade: Galega
Música:
http://cantigas.fcsh.unl.pt/versoesmusicais.asp?cdcant=1308&vm1=38&vm2=
5&vm4=114&vm5=236&vm6=287&vm7=305&vm8=322&vm9=346&vm10=
Nota geral:
Primeira de sete cantigas d ́amigo, que a maior parte dos comentadores julga
constituir um ciclo unitário.
Nesta primeira cantiga, a donzela interpela as ondas do mar, perguntando-
lhes se acaso sabem do seu amigo e se virá em breve (note-se, para melhor
compreensão de um dos contextos possíveis deste apelo, que, na época, as
viagens longas eram geralmente feitas por via marítima).

“Ai flores, ai flores do verde pino”


  • Ai flores, ai flores do verde pino,
    se sabedes novas do meu amigo!
    Ai Deus, e u é?

  • Ai flores, ai flores do verde ramo,
    se sabedes novas do meu amado!
    Ai Deus, e u é?
    Se sabedes novas do meu amigo,
    aquel que mentiu do que pôs comigo!
    Ai Deus, e u é?
    Se sabedes novas do meu amado,
    aquel que mentiu do qui mi á jurado!
    Ai Deus, e u é?

  • Vós me perguntardes polo voss'amigo,
    e eu bem vos digo que é san'vivo.
    Ai Deus, e u é?
    Vós me perguntardes polo voss'amado,
    e eu bem vos digo que é viv'e sano.
    Ai Deus, e u é?
    E eu bem vos digo que é san'vivo
    e seera vosc'ant'o prazo saído.
    Ai Deus, e u é?
    E eu bem vos digo que é viv' e sano
    e seera vosc'ant'o prazo passado
    Ai Deus, e u é?


Autor: D. Dinis ( 1261 - 1325), Rei/Trovador
Nacionalidade: Portuguesa
Música:
https://www.youtube.com/watch?v=55tM6Vag2sA
Nota geral:
Esta é, seguramente, a mais conhecida
cantiga de D. Dinis, e uma das mais célebres
da Lírica Galego-Portuguesa. Com inteira
justiça, poderemos dizer, já que se trata de
uma composição que exemplifica, de forma
notável, o modo como a arte trovadoresca é,
por vezes, capaz de alcançar uma
extraordinária profundidade de campo
através da sábia conjugação dos recursos
(aparentemente) mais simples e
elementares.
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