nada para ver, onde tudo é sentido, e mesmo assim não têm
nada para sentir, onde tudo é concebido, onde você nunca
nasceu, onde nada pode ser negado, onde nada pode ser
recusado.
Deixe-me carregá-lo do modo como você me carrega, porque
é leve, porque não pode ser pesado, porque é assim, porque
não pode negá-lo, porque nada pode ser comparado, onde
não há mais imagem.
A evidência do silêncio afasta a sua última relutância, afasta
seus pensamentos finais, lhe mostrando a anterioridade de
todas as coisas, de todas as vidas. Quando nada acontece do
que já não tenha já ocorrido, e isso já passou.
Onde você está, eu permaneço, neste lugar que não pode ser
identificado, nem mesmo localizado, porque engloba todos
os lugares, assim como todo o espaço, porque engloba todos
os tempos, resolvendo-se no Tempo Zero, aquele que nunca é
contado e que nunca passou.
E o seu coração respira, e o seu coração está vivo, colocando
fim à morte de todas as aparências e de tudo o que passa.
Escute e ouça o que lhe diz o grande silêncio, que não é outro
senão a grande alegria, onde o tempo encontra o espaço,
onde o espaço preenche todo o tempo, de modo que nada
mais possa ser conjugado, pois tudo já foi conjugado,
preparando assim os corações dos anjos e o balé dos anjos,
preparando e cumprindo a palavra da verdade, onde o verbo
se torna respiração e onde esta respiração é silenciosa; e ainda
assim suporta cada ruído como todas as circunstâncias.