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Correio Braziliense/Nacional - Mundo
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: por Silvio Queiroz [email protected]
Biden mostra ocartão de visita
Com dois meses de mandato, o novo presidente dos
Estados Unidos segue em ação, na frente externa, para
demarcar claramente as linhas de atuação que a
primeira potência imprimirá nos próximos quatro anos.
Após o período errático e imprevisível de Donald Trump,
a chegada de Joe Biden à Casa Branca foi aguardada
em certos círculos como uma virada de 180 graus.
A expectativa foi plenamente satisfeita, por exemplo, na
abordagem multilateral para temas como mudança
climática e combate à pandemia. Foi com rejeição
frontal ao estilo "rolo compressor" do antecessor que
Biden se dirigiu aos aliados históricos da Europa. A
mudança de discurso e ação se estendeu até ao Irã, no
tema complexo e delicado do programa nuclear.Mas,
uma semana depois de se apresentar para o diálogo
com o regime islâmico sobre o acordo assinado em
2015 por Barack Obama, e renegado por Trump, o
presidente americano lançou sua primeira operação
militar. O alvo foram milícias pró-iranianas que atuam na
fronteira entre Síria e Iraque.
Sem açodamento, mas também sem protelação, o
veterano político democrata vai apresentando ao mundo
o seu cartão de visita e os seus parâmetros para as
relações internacionais.
Aos amigos, nem tudo
Aos que acompanham e observam as redefinições de
política externa em Washington, não escapou a
coincidência entre o primeiro bombardeio de Biden e
outro movimento sensível no campo minado do Oriente
Médio. Depois de autorizar o ataque aos aliados de
Teerã, Biden mandou recado também à Arábia Saudita,
aliado que forma com Israel o eixo de contenção ao Irã.
Em telefonema ao rei Salman, o presidente reafirmou
alianças e compromissos no terreno da segurança. Mas
não se furtou a lembrar a importância que Washington
dá a "aos valores universais dos direitos humanos". A
conversa se seguiu à leitura, por Biden, do relatório da
CIA sobre o assassinato, por agentes sauditas, de um
jornalista dissidente sequestrado na Turquia. O informe,
cuja publicação foi autorizada, implica no episódio,
como mandante, o príncipe herdeiro, Mohammed bin
Salman, apontado como o verdadeiro chefe de governo
do reino.
Geopolítica da vacina
Os observadores do cenário regional aguardam agora a
reação dos EUA e da Europa em torno da controvérsia
que irrompeu em torno do tratamento por Israel à
distribuição de vacinas contra a covid entre a população
palestina que mantém sob ocupação. No noticiário
estritamente voltado para a pandemia, o governo
israelense encabeça o ranking da imunização, quando
se considera a porcentagem de população imunizada.
O sucesso doméstico inspirou o premiê Benjamin
Netanyahu a oferecer doses excedentes de vacinas
para países aliados, ainda que distantes no mapa. As