Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1

Visto, lido e ouvido


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Desde 1960Circe Cunha (interina) //
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Mudar o modelo para mudar


No infinito rol das chamadas heranças malditas, legadas
do lulopetismo, depois de mais de uma década de
desmandos, sem dúvida alguma, podem ser acrescidos
hoje mais algumas de igual ou maior efeito danoso para
todos. De saída já se sabe que a eleição que catapultou
Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto foi toda ela
construída e aplainada pelo pavor popular de um
possível retorno das esquerdas ao poder.


Foi justamente nesta brecha, composta de medo e
repulsa, que permitiu que um ex-deputado inexpressivo
e radical conseguisse o que parecia impossível até a
undécima hora: se eleger presidente da República.
Portanto é ele próprio, por tudo que já vimos, a
personificação de um legado deixado pelo último baile
ou festim petista. Incluem-se ainda nesse rol de
infortúnios deixados para trás, mas com repercussões
no futuro, boa parte do atual Parlamento, que mesmo
teoricamente renovado nas últimas eleições, fez brotar


das cinzas, com mais vigor e apetite, o bloco do
Centrão, uma reunião de dispostos a tudo em troca de
vantagens. De quebra, foram deixados, de forma
vitalícia, um conjunto de ministros, indicados pelo
Partido dos Trabalhadores e com assento nas altas
cortes, para comandar o festival de impunidades em
benefício de seus padrinhos, grupo ao qual foram
acrescidos, ainda, os indicados pelo ex-presidente
Temer, bem como o escolhido pelo atual presidente.

Trata-se aqui de uma herança e tanto e que parece
esticar para um futuro longínquo as agruras vividas pela
população desde a inauguração desse século. Estamos
em maus lençóis, envoltos numa crise institucional sem
precedentes que vai sendo agravada por uma pandemia
de longa duração e de efeitos letais para a população e
para a economia.

Nada tão parecido e próximas, umas das outras, do que
as pontas extremas de um arco aberto. Dessa forma,
falar em harmonia e independência dos Poderes, como
palidamente manda a Constituição, diante de um
cenário como esse, é sem sentido. Estão todos
umbilicalmente ligados pela origem e pela finalidade de
propósitos, qual seja manter o status quo, as vantagens
e os privilégios.

Para a consecução desses propósitos perenes, é
preciso que todos se protejam mutuamente, formando,
em torno daqueles que buscam fugir da verdadeira
justiça, um cordão de isolamento, com cada um
recorrendo às prerrogativas que têm em mãos. Em meio
a esse banzé institucional, que nos congela no tempo e
espaço e vai nos empurrando de volta à rabeira do
mundo civilizado, é o que confirma a tese de que temos
o que escolhemos ter, tal qual um supliciado escolhe a
forma como quer ser sacrificado.

Com uma realidade pintada com esses tons de cinza,
falar em politização da justiça ou no seu inverso, que
seria a judicialização da política, dá no mesmo, remete-
nos às suas causas primeiras, quais sejam os modelos
de escolhas tanto de representação política, como para
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