Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1

De novo a De novo a Petrobrás!


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: JOSÉ MÁRCIO JOSÉ MÁRCIO CAMARGO


A intervenção do presidente


A intervenção do presidente da República na Petrobrás
gerou forte volatilidade nos mercados financeiros e
aumento de incerteza. Ainda que seja uma prerrogativa
do sócio majoritário, no caso o governo, indicar o
presidente da estatal para a aprovação de seu Conselho
de Administração, a pergunta que ficou no ar é se esta
intervenção foi localizada ou indica uma mudança mais
geral na política econômica em direção a algo mais
intervencionista, menos liberal e mais populista. A
reação dos investidores foi imediata e bastante
negativa: fuga de recursos do País, desvalorização do
real, inclinação da curva de juros e queda generalizada
nos preços das ações, principalmente das empresas
estatais. A permanência do ministro da Economia no
cargo chegou a ser colocada em dúvida.


Intervenções na Petrobrás não são uma novidade, nem
é uma prerrogativa do atual governo. Sem levar em
consideração o período autoritário, durante o qual a
empresa foi gerenciada segundo os interesses do


Executivo, todos os governos desde a democratização
adotaram intervenções na empresa em diferentes
contextos. Sem dúvida, a forma como a decisão de
substituir o presidente da empresa foi anunciada,
através de uma "live" pública, intensificou o mal-estar
entre os investidores.

A situação da Petrobrás é delicada. Além de ser a maior
produtora de petróleo do País, um produto que é insumo
para praticamente tudo o que se produz hoje e,
portanto, qualquer variação em seus preços afeta
diretamente todos os setores e agentes da economia, a
empresa é monopolista no refino da commodity e,
portanto, tem grande poder de determinar o preço para
o consumidor final dos derivados do petróleo, em
especial, gasolina e óleo diesel.

Por ser uma empresa de economia mista, precisa
atender aos interesses dos sócios minoritários, que são
privados, e do sócio majoritário, que é o Estado. A
questão é que nem sempre os interesses dos sócios
privados coincidem com os do sócio majoritário. E
sempre que isto ocorre, o incentivo para que o sócio
majoritário faça alguma intervenção para atingir seus
próprios objetivos acaba dominando o cenário.

Em geral, o impasse ocorre na definição da política de
preços da empresa. Para os sócios privados, seguir os
preços internacionais do petróleo é importante, pois
significa maximizar os lucros da empresa e, portanto,
seu valor de mercado. Porém, para o controlador,
quando os preços internacionais da commodity estão
em trajetória de forte elevação, repassar estes
aumentos para os preços internos do produto significa
aumentar a taxa de inflação, o que afeta a popularidade
do governo. A questão dos caminhoneiros intensifica
este conflito.

Existem duas soluções extremas para este dilema: a
venda do controle da companhia por parte do governo
ou a completa estatização. A questão é que nenhuma
destas duas possibilidades parece estar no horizonte no
momento. Uma pergunta é se existe alguma solução
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