Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1

FERNANDO REINACH - O tsunami chegou


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O colapso das UTIs que se espalha pelo Brasil era
previsível. Um mês atrás foi descoberto que o desastre
em Manaus estava associado a uma nova variante
brasileira do Sars-CoV-2. Na mesma semana foi
demonstrado que as novas variantes se espalham
rapidamente e prejudicam a eficácia de algumas
vacinas. Não foi difícil concluir que um tsunami de
internações e mortes se aproximava (O Tsunami se
Aproxima, Estadão / 30 de janeiro de 2021). Como
sempre, nada foi feito, e o tsunami chegou.


Quando as novas variantes chegam a uma cidade,
casos e internações sobem rapidamente e levam ao
colapso do sistema de saúde.


Araraquara é um bom exemplo. Se isso ocorrer
simultaneamente em muitas cidades, o número de
mortes por dia no País pode subir rapidamente para 3
mil ou 4 mil. Mas o mais provável é que essa onda de
contaminação se espalhe gradativamente, com cidades
ainda livres das variantes, outras no pico, outras com
ele já superado.


Pelos próximos meses não podemos contar com os


efeitos da vacinação, ainda lenta. E pior, não sabemos
como a principal vacina que estamos utilizando, a
Coronavac, se comporta frente às novas variantes do
SarsCoV-2 (nem o estudo de fase 3 dessa vacina foi
publicado). Corremos o risco de a Coronavac ter sua
eficácia diminuída perante as novas variantes, como se
constatou para nossa segunda arma, a vacina da
Oxford/AstraZeneca. O que sabemos é que mesmo
vacinas de alta eficácia como as da Pfizer e Moderna
perdem eficácia perante as novas variantes. Sobram a
prevenção e, no limite, o lockdown.

O mundo já percebeu que só terão sucesso os países
que vacinarem rápido a população, com vacinas de alta
eficácia. Além disso precisam desenvolver e produzir
rapidamente novas versões das vacinas. Pfizer e
Moderna determinaram a eficácia das suas contra as
variantes de Sars-CoV-2 e já estão testando novas
versões. É pouco provável que Fiocruz e Butantan
estejam à altura desse desafio. Sem dúvida este é o
momento de diversificar o suprimento de vacinas e
começar a elaborar um plano B com vacinas mais
eficazes.

Enquanto a situação é de desespero no Brasil, um
grupo de cientistas de EUA e Israel publicou o primeiro
estudo sobre o efeito da vacinação em massa. Os
resultados não podiam ser melhores. Israel já aplicou 90
doses de vacina da Pfizer para cada 100 habitantes -
53% da população já recebeu pelo menos uma dose e
37% já recebeu as duas. No início da vacinação os
cientistas selecionaram 596.618 pessoas já vacinadas e
compararam o aparecimento da doença nesse grupo
com o aparecimento em outro grupo, também de
596.618 pessoas, ainda não vacinado. As pessoas
foram escolhidas de modo que cada pessoa do grupo
vacinado tivesse correspondente no grupo não
vacinado. Assim se um homem de 56 anos, obeso e
fumante era incluído no de vacinados, outro homem de
56 anos, obeso e fumante, era incluído no grupo
controle.

Como a amostra é enorme, quase 1,2 milhão de
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