Clipping Banco Central (2021-02-27)

(Antfer) #1

ADRIANA FERNANDES - Duas PECs, dois pesos


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ADRIANA FERNANDES


O Congresso fala em urgência das votações para as
medidas de combate à covid-19, mas age com o mesmo
negacionismo do presidente Jair Bolsonaro diante do
quadro devastador da pandemia no Brasil.


É inaceitável que, na pior semana desde o início da
pandemia, os deputados tenham parado qualquer
discussão para tirar de supetão uma proposta de
mudança na Constituição para blindagem parlamentar,
apelidada de PEC da 'impunidade'. Numa operação a
jato, a PEC, se transformou no assunto de 'maior
relevância'' para os deputados.


Nada, absolutamente nada, tem mais importância do
que enfrentar com foco e determinação a pandemia.
Parlamentares têm a responsabilidade de não apenas
votar projetos voltados para o combate à pandemia,
mas também agir como instrumento de pressão para os
governos federal, estaduais e municipais agirem.


Para votar a PEC da imunidade parlamentar, ritos de
tramitação foram sendo atropelados e subjugados à


vontade soberana das lideranças congressistas. Suas
Excelências, as majestades, reis intocáveis, como bem
batizou a senadora emedebista Simone Tebet ao
comentaras negociações políticas para aprovação da
PEC.

Já para a PEC do auxílio, o Congresso enrola e adia a
sua tramitação na esteira de 'bodes na sala' colocados
no substitutivo do relator, senador

Márcio Bittar, como o fim dos pisos de saúde e
educação. Dois pesos e duas medidas. Ou melhor, duas
PECs, dois pesos.

Também não houve movimentação forte no Parlamento
para garantir mais recursos para hospitais que se
encontram com falta de leitos de UTIs. Cadê a votação
do Orçamento de 2021? Também não é importante,
nem ao menos para arrumar dinheiro para a saúde.

Não cabem desculpas dos deputados. O certo teria sido
a Câmara se envolver mais diretamente nas discussões
da PEC do auxílio e com o Senado avançado na
votação do Orçamento. Inclusiven a busca de um
acordo político de fatiamento com o Senado para deixar
o texto mais compacto, sem todas as medidas fiscais,
para agilizar o processo.

Mais uma semana perdida. Sem antes o presidente da
Câmara, Arthur Lira, ter reclamado da falta de
articulação para a votação da proposta, e das críticas
que a PEC recebeu, inclusive do apelido dado.

Lira não conseguiu nesta sexta-feira fechar um acordo
para votação da proposta mais rapidamente e acabou
decidindo que o tema deverá ser discutido em uma
comissão especial. Uma derrota para ele, mas não
deixa de ser mais uma proposta a concorrer com a
prioridade da guerra contra a pandemia. O jogo vai
seguir, mesmo com esse revés.

Longe de sera pandemia, o que agita mesmo o mundo
político é o apetite de tubarão por cargos nas mudanças
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