REVISTA DRAGÕES MAIO 2020
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Mas afinal o que é o sete
contra seis? O inovador
sistema ofensivo permite,
através da substituição do
guarda-redes por um jogador de campo,
atacar em constante superioridade
numérica contra uma defesa 6:0
(composta por seis defesas e um
guardião). A partir daí, e enquanto que
no andebol clássico o organizador de
jogo costuma ser o central, no esquema
de vantagem numérica portista quem
arma os ataques é Fábio Magalhães.
O lateral esquerdo de 1,94 metros, a
quem o selecionador nacional chamou
“o rei do 7x6”, dá o mote para o final da
jogada, através de trocas de bola aos
nove metros até que ele mesmo inicie a
penetração no bloco adversário. No FC
Porto e na seleção, Fábio dependia dos
“pivôs incríveis e fortes”, como Magnus
Andersson classificou DaymaroSalina e Alexis Borges. Os luso-
cubanos seguiam instruções do
meia-distância quanto ao local
onde se deviam colocar, fosse
para tentar bloquear o defesa
responsável pela marcação
ao armador de jogo portista
ou para ganhar espaço para
receber a bola aos seis metros.
O grande objetivo do 7x6 é
o remate fácil. Para que isso
aconteça, não é só Fábio
Magalhães que assume um papel
decisivo nas posses de bola do FC
Porto. Rui Silva, com a velocidade
que o caracteriza, é uma peça-
chave na posição de central
onde o treinador fez carreira ao
longo de quase duas décadas.
A velocidade de pensamento
e a rapidez de execução do
vimaranense permitem uma
circulação célere da bola para
os dois flancos e, quanto maisrápida a movimentação, maior a probabilidade de
a defesa se desposicionar e surgir espaço para um
pivô marcar de frente para a baliza adversária.
O esquema 7x6 parte da premissa de que não
é necessário forçar o remate, porque existe
superioridade numérica, prevenindo bolas no
bloco, faltas ofensivas, interceções, perdas de
posse e, consequentemente, remates de baliza
aberta com grande probabilidade de sucesso. Por
isso, a recuperação é tão ou mais importante que
os esquemas de ataque sete contra seis. Quando
um jogador está em ato de remate, ou a preparar-
se para o fazer, o ponta do lado dos bancos de
suplentes já se encontra a correr para trás de forma
a trocar imediatamente com o guarda-redes que foi
substituído. Em simultâneo, o atleta que estiver a
ocupar a posição de central irá sprintar para a defesa
na tentativa de intercetar um possível disparo de
longa distância. Por fim, as substituições ataque-
defesa apenas têm lugar após a recuperação defensiva
e em situações de ataque organizado do adversário.
Perante os resultados que advêm de muitas horas
de treino no Dragão Arena, é com uma naturalidade
surpreendente que o treinador sueco dos azuis e
brancos revela: “É fácil ser treinador para o sete
contra seis, mas não o é sem os jogadores certos”.