National Geographic - Portugal - Edição 240 (2021-03)

(Antfer) #1
MARÇO 2021

deixa pináculos isolados que
acabam por desaparecer.


  1. A areia
    A areia de duas praias nunca
    é igual, apesar de, à pri-
    meira vista, as semelhanças
    serem inegáveis. Em areias
    como a da Praia Grande,
    ficam provas da alteração
    das rochas, de contributos
    de rios, de deriva litoral
    e, naturalmente, da força
    erosiva do mar.

  2. Blocos na base
    da falésia
    A erosão costeira é um pro-
    cesso longo e desigual que
    pode desmontar uma falé-
    sia maré a maré. Os blocos
    documentam a desagrega-
    ção da parede rochosa cuja
    base o mar vai escavando.
    As derrocadas, frequentes
    e perigosas, são responsá-
    veis pelo recuo das falésias.

  3. Paleoambientes
    Esta falésia conta uma his-
    tória com 120 milhões de
    anos que o próprio Keil
    não imaginaria. Mais de
    um século depois da cria-
    ção da obra, dois geólogos
    identificaram trilhos de
    dinossauro nesta parede,
    que no Cretácico era o
    fundo lamacento de uma
    planície de maré.

  4. Estratos verticais
    Neste ponto da rocha,
    reside um velho capítulo da
    história geológica de Sintra.
    Estes estratos que se for-
    maram na horizontal foram
    empurrados e verticalizados
    pela ascensão do material
    magmático que deu origem
    à serra de Sintra.

  5. Leixões
    Sugerem a força da erosão
    costeira diferenciada que


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VANDA SANTOS, investigadora do Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa, e
Guadalupe Jácome, professora na Escola Secundária Gil Eanes, em Lagos, reflectiram sobre
a dificuldade de ensinar geociências no contexto da sala de aula. Lembraram-se de chamar
a atenção para as obras de arte como recurso didáctico para explicar fenómenos difíceis de
entender como a erosão costeira, a formação de montanhas ou a diversidade de paleoam-
bientes. “Praia Grande”, um óleo de 1880 do pintor Alfredo Keil, constituiu um bom estudo
de caso de informação geológica que se pode extrair de uma pintura com mais de um século.

A GEOLOGIA NA ARTE


CORTESIA: MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA. FONTE: “PRAIA GRANDE BY ALFREDO KEIL
(1880), A DIDACTIC RESOURCE FOR TEACHING GEOSCIENCES” DE VANDA SANTOS E GUADALUPE JÁCOME

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