REVISTA DRAGÕES ABRIL 2019

O comendador Danilo Pereira,
campeão da Europa e Dragão
de Ouro em 2016, admite que
atravessou a fase mais difícil da
carreira em 2018. Determinado
a regressar ao seu melhor nível,
o jogador de 27 anos reconhece
ainda que deseja evoluir. Quer
aumentar a sua influência
em campo e dar mais ao jogo.
Ainda mais? O diálogo começa
com um vídeo: Danilo revê as
imagens da sua entrada em
campo frente ao Moreirense, a
2 de setembro de 2018, cinco
meses após o último jogo. Em
silêncio, o médio emociona-se.
Naquele minuto 82, recebeu
uma tremenda ovação dos
adeptos presentes no Estádio
do Dragão e foi aplaudido pelos
colegas de equipa. Pela família
portista. Momentos como esse
ficam perpetuados na memória.

O que sente ao recordar
esse momento e a forma
como foi saudado pelos
adeptos do FC Porto e pelos
seus colegas de equipa?
Arrepia-me, de certa forma
arrepia-me. Não esperava um
momento assim no meu regresso,
com tamanha ovação, com
tanto respeito que o público e
os meus colegas demonstraram
por mim. Atravessei o momento

mais difícil da minha carreira

como jogador de futebol e esse

apoio deu-me muita força.

Como foi lidar com essa

ausência por lesão? Quais são

as principais dificuldades num

período como esse, de ausência

prolongada da competição?

Quando não jogas já se criam

muitas dúvidas na tua cabeça,

mas quando estás lesionado

e não podes ajudar a equipa,

ainda mais dúvidas tens e

mais ansiedade sentes. Era um

momento em que me sentia

em baixo, sentia-me triste, não

conseguia ajudar a equipa. Era

uma lesão muito complicada

e não sabia se ia voltar da

mesma forma. Eu achava que

sim, mas quando são lesões

tão grandes como aquela,

nunca se sabe. É preciso ter

uma mentalidade muito forte,

confiar nas capacidades e ter

uma força interior inabalável.

Nesta altura, sente que o

melhor Danilo já está de volta?

Sinto-me bem, mas gostaria

ainda de melhorar alguns

aspetos, de estar ao nível a que

estava quando me lesionei,

porque acho que estava na

minha melhor forma. Acho que

ainda não consegui atingir isso,

"Não esperava um

momento assim no

meu regresso, com

tamanha ovação"

mas estou feliz por estar de

regresso e por estar a fazer bons

jogos, é o mais importante. Esta

época foi difícil para mim, mas

tenho tudo para voltar a esse

nível e para dar mais a este clube.

Aos 27 anos, considera estar

num ponto de equilíbrio

da carreira, na plenitude

das capacidades físicas

e mentais, ou pensa que

ainda pode evoluir?

A evolução não vem com a idade,

depende da mentalidade de

cada um, de querer ser melhor

jogador todos os dias. Não vou

dormir à sombra da bananeira

e vou trabalhar o máximo para

chegar a um nível superior.

O que mudou em relação

ao Danilo que chegou ao

FC Porto em 2015?

Mudei muito. Mudei muito

a minha forma de pensar, a