REVISTA DRAGÕES ABRIL 2019

minha forma de ver o futebol. A
exigência aumentou e comecei
a ver de forma diferente tudo o
que me rodeia, de forma mais
exigente e mais aberta. Basta
estar nesta cidade, em que as
pessoas exigem de mim coisas
que não me exigiam quando
estava no Marítimo. Isso também
te muda como pessoa. Fui
exigindo mais de mim, tendo
mais ambição, mais cuidados
com a alimentação, com o dia
a dia, com a forma como lidava
com os jogos. Acabei por me
tornar mais agressivo também
na minha forma de jogar e isso
ajudou imenso a consolidar a
minha posição aqui no FC Porto.
Estando no Porto, acabas por
te tornar uma pessoa melhor.

Essa exigência sente-se
nas ruas da cidade, na
relação com os adeptos?
Sem que elas se apercebam,
as pessoas já te passam essa
exigência. É de uma forma muito
aberta, muito sincera, não é
abusiva. É a forma de ser das
pessoas do Porto e acho que isso
é bom para os jogadores, que
sentem não só o carinho mas
também que estão num grande
clube, que quer vencer sempre.

O Danilo é um jogador à
Porto. Sente que esta era
uma ligação que estava
destinada a acontecer?
Sem dúvida! Este é o clube
certo para mim, por aquilo que
são as minhas caraterísticas
como jogador e como pessoa.

Foi por isso também que

escolhi o FC Porto. Para além da

grandeza do clube, também me

identificava imenso com a forma

de ser. Tudo isso foi importante

para mim e para a minha carreira.

Recentemente, num

documentário sobre os 125

anos do clube, disse que

ser um jogador à Porto vai

para além das qualidades

físicas e técnicas, é algo mais

que isso. É o quê, afinal?

É algo que vem de dentro, que

faz com que um jogador seja

diferente de qualquer outro.

Gosto muito de jogadores que,

mesmo quando as coisas estão

a correr mal, quando estão a

falhar passes, quando estão a

falhar golos, nunca baixam a

cabeça e continuam a tentar. É

essa ambição de tentar e não

desistir. Falham uma vez, duas

vezes, dez vezes e à décima

primeira conseguem. Acho que

isso é que define um jogador

à Porto, essa entrega e esse

espírito de nunca desistir.

Em 2016, numa entrevista

ao Porto Canal, o Danilo

admitiu que é alguém que

lida muito mal com a derrota.

Isso é bom ou mau?

Tem os dois lados. Tenho mau

perder dentro de campo, é

verdade, tenho muito mau

perder. Fora dele já consigo lidar

melhor com as situações, mas

dentro do campo não consigo

lidar bem. Dentro do campo,

acho que acaba por ser um