Dragões - 201904

(PepeLegal) #1
quinta divisão e havia um
grande fosso qualitativo entre
as competições. Foi necessário
aprender muitas coisas. Um
aspeto que me ajudou foi a
possibilidade que tive de
jogar na quinta divisão e na 2.
Bundesliga durante a mesma
época. Isso permitiu-me treinar
todos os dias e, em certas alturas,
duas vezes por dia. Fisicamente,
cresci bastante e a evolução em
termos do conhecimento de
andebol também foi enorme.
Quando conseguimos a subida
à primeira divisão, pude jogar
muito tempo num patamar
competitivo extremamente
elevado e melhorei imenso:
comecei a marcar um número
cada vez maior de golos e
evoluí significativamente
em termos defensivos.

Sempre jogou como
lateral direito?
Sim. Talvez seja demasiado
pesado para jogar como
ponta (risos).

Entretanto, apareceram as
lesões e na época passada
apenas realizou três
partidas, já na parte final...
Verdade. Tive muitos problemas
nos joelhos. Começou tudo
com complicações na rótula, as
quais permaneceram durante
dois anos. Houve momentos
em que não conseguia mesmo
arranjar a manta na cama com
tantas dores. Noutras vezes,
fazia mais ou menos tudo o
que queria. Durante dois anos,
houve altos e baixos, tentámos
resolver de todas as maneiras
estes problemas físicos com os
médicos, mas nada resultava.
Até que em março de 2017, num
jogo, a minha rótula partiu-se,
pareceu o corte de uma faca. Fui


submetido a uma cirurgia, iniciei
o período de recuperação e após
seis semanas deixei as muletas.
Seguiu-se o trabalho de ginásio,
depois comecei a treinar no
campo e fui a Dortmund para
dar continuidade ao processo
de reabilitação. Após a cirurgia,
dei o primeiro salto para ver
as diferenças entre a perna
direita e a esquerda, sendo
que quando saltei com a perna
direita ouvi um estalo ao tocar o
chão, perdendo imediatamente
a força desse lado. Prossegui
os treinos, mas foi horrível, até
ao andar sentia dores. Voltei
a Estugarda, fiz novo exame
ao joelho e percebeu-se que a

rótula estava partida em dois
pedaços. Fizemos enxertos
ósseos com ferro mas, volvidas
várias semanas, o osso não
fechou. Fui obrigado a avançar
para uma cirurgia extra e
fiquei com esse material no
joelho até janeiro de 2018.

Sente que já voltou a atingir
o seu melhor nível após as
intervenções cirúrgicas?
O período que se seguiu às
operações foi muito difícil.
Houve muita gente que me disse
que talvez não valesse a pena
prosseguir a minha carreira. A
recuperação demorou bastante
mais de um ano. Aliás, a primeira

vez em que joguei depois
das intervenções cirúrgicas
foi precisamente aqui no
Dragão Caixa em maio do
ano passado aquando do
período experimental no
FC Porto. Neste momento,
não posso dizer que esteja
totalmente recuperado, mas
já não sinto dores e isso é o
mais importante. É claro que
não estou a apresentar agora a
potência e a velocidade que já
demonstrei no passado, nem
estou a saltar tão alto como
saltava outrora, ainda assim
não tenho pressa em voltar ao
nível a que já joguei porque se
olhar para trás, constato que

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