Dragões - 202009

(PepeLegal) #1

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REVISTA DRAGÕES SETEMBRO 2020


será uma grande ajuda para a nossa
equipa. Já o Ezequiel é um jogador
rápido e procura sempre o golo.
Tem também uma característica
muito importante: a humildade. Vai
captar todos os ensinamentos e vai
crescer muito no FC Porto, não tenho
qualquer dúvida”.
As duas caras novas do plantel
juntam-se ao núcleo da equipa da
época passada, o que garante uma
adaptação mais rápida. “O facto
de mantermos o mesmo grupo
permite-nos continuar o caminho
que estávamos a fazer na última
época. Os reforços já se estão a
adaptar muito bem ao nosso sistema
e os treinos têm corrido muito bem”.


A ambição está em alta.

A EXPERIÊNCIA
DE SER ÍDOLO
Esta é a parte da entrevista em que
Reinaldo riu várias vezes. Desde já
porque recordou a pessoa que era
quando chegou à cidade do Porto
em 2001, um “miúdo do hóquei” que
chegava aos azuis e brancos com
“muitas ganas de mostrar qualidade”.
“Tem sido uma caminhada muito
bonita”, repartida em duas fases
totalmente distintas, observou. “A
primeira não foi mais fácil, mas
aconteceu numa altura em que o
FC Porto estava acima de todos os
rivais. Não havia nenhum adversário

que tivesse um nível próximo do
nosso. Conquistei seis dos dez
campeonatos consecutivos, uma era
muito bonita da nossa história. Com
o meu regresso em 2015, a situação
já era bem diferente”, reforçou, antes
de nos surpreender com a escolha
do momento mais importante da
carreira na Invicta: “O hóquei era e é
muito diferente e este campeonato
tornou-se muito mais competitivo.
Não é por acaso que lhe chamam
o melhor campeonato do mundo.
Aliás, acredito que o campeonato
que vencemos em 2019 acaba
por ser um dos maiores feitos da
minha carreira, porque não éramos
considerados o principal candidato
e conseguimos ganhar num ano
muito difícil. Dou muito valor a esse
título, talvez mais do que qualquer
pessoa”.
Foi em Fânzeres que o “miúdo”
virou homem e agora, no Dragão
Arena, só pensa em ajudar os mais
novos a crescer, tal como os antigos
craques portistas o ajudaram na
altura: “Tive a oportunidade de
jogar com alguns dos meus ídolos e
aprendi muito com eles. É isso que
tento fazer agora, ajudar os mais
novos”. Reinaldo García é um ídolo

ASSADOS E O BACALHAU
Foi com enorme alegria e uma pitada de saudade que Reinaldo García
falou de assados argentinos. “Adoro”, dizia enquanto salivava. “Também
adoro um outro prato, a Milanesa, que consiste num bife panado simples,
mas como se faz uma pizza, com molho de tomate. E sou eu que faço”,
contou entre risadas. No que toca à gastronomia portuguesa, Nalo só
tem elogios. “Gosto de todos os pratos. Não comia quase peixe nenhum
na Argentina, mas adoro todo o tipo de pratos de peixe, principalmente
o bacalhau assado. E a feijoada, a francesinha... Gosto de tudo”.

MENTAL ACIMA DE TUDO
É nas experiências de outras personalidades do mundo do desporto
que Reinaldo tem mergulhado, palavra a palavra. Depois da biografia
de Phil Jackson, antigo treinador dos Chicago Bulls e dos LA Lakers, o
capitão lê agora o livro de Nádia Tavares, intitulado “Mind7 Atleta”, que
destaca as qualidades necessárias para se ter sucesso em qualquer
contexto. “Acho importante ou até mais importante trabalhar a mente
no desporto do que o físico, principalmente na minha idade”, confessou.

do hóquei mundial, mas isso não é
o mais importante para o hoquista:
“Claro que fico orgulhoso quando
me dizem essas coisas, mas o que
quero mesmo é transmitir a minha
experiência para facilitar as carreiras
dos mais novos, tanto dentro como
fora do rinque. Tento ser sempre um
bom exemplo para todos”.
É nesta função que Reinaldo se sente
um jogador realizado, mas nunca
completo. “Já conquistei muitos troféus,
de todos os tipos, mas quero sempre
mais”, sublinhou. Com 37 anos, já viu
e viveu tudo o que o mundo do hóquei
tem para oferecer, só que a fome de
vencer não desaparece. E ainda bem,
porque Nalo tem apenas dois sonhos
para concretizar e todos eles são de
azul e branco: vencer a Liga Europeia
e pendurar os patins no “melhor clube
do mundo”. “Estive em grandes clubes
ao longo da minha carreira e terminá-
la num grandíssimo como o FC Porto
seria um sonho ou a cereja no topo do
bolo, como se costuma dizer. Um clube
que me diz muito e que representa
imenso na minha vida, sinto que
terminar a carreira aqui seria o que
mais me conforta. Mas, atenção, só
daqui a cinco anos, no mínimo”. Que
assim seja.

“Acredito que o campeonato que


vencemos em 2019 acaba por ser um


dos maiores feitos da minha carreira,


porque não éramos considerados o


principal candidato e conseguimos


ganhar num ano muito difícil.”


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