Dragões - 202012

(PepeLegal) #1
Pesquisámos, selecionámos,
vimos, revimos, revirámos e
voltámos a ver. Para nós, estes
são os 17 melhores golos dos
primeiros 17 anos do Estádio do
Dragão, alguns deles contados
na primeira pessoa, outros
reconstituídos praticamente
de memória, em imagens que
nos tomam com a intensidade
daquele pontapé de Kelvin,
a brutalidade do remate
de Guarín ou a subtileza de
um toque de calcanhar de
Jackson. No fim, quem ganhou
foi Tarik. E é precisamente
por aí que começamos.

AQUI


TARIK


É O REI


TEXTO: ALBERTO BARBOSA e DIOGO FARIA

50
QUILÓMETROS É A EXTENSÃO DA
REDE HIDRÁULICA DO ESTÁDIO
DO DRAGÃO, DOTADO AINDA DE

30
QUILÓMETROS
DE REDE TÉRMICA.

1


TARIK SEKTIOUI
06 DE NOVEMBRO DE 2007
FC PORTO-MARSELHA, 2-1
LIGA DOS CAMPEÕES

“A primeira coisa de que me lembro foi de
ter pensado ‘Não podes perder a bola’.
Depois foi uma cavalgada, sempre quase
sem pensar. Só voltei a fazê-lo quando
tive que decidir se rematava logo ou se
passava o guarda-redes. Pensei que não
podia perder a bola, porque nos jogos da
Champions não podemos errar, em especial
no nosso meio campo. O professor
Jesualdo dizia-nos muitas vezes que não
podíamos perder a bola e, quando o Raul
Meireles me fez aquele passe, a minha
preocupação foi rodar e proteger a bola,
para não correr o risco de originar um
ataque rápido do adversário. Depois vi
que havia espaço e arranquei. Quando o
Lisandro abriu e ficou um espaço entre
os centrais, acelerei e passei-os. Foi
tudo muito rápido, quase sem tempo para
pensar e só quando tive o guarda-redes
pela frente pensei que tinha de decidir
se chutava ou se fintava. Optei por fintar,
porque a situação me era favorável. Fui
muito rápido, ele não teve tempo de sair,
fiz o drible e chutei de pé esquerdo
para a baliza. Foi um golo lindo e
inesquecível. Recebi logo os parabéns
no campo dos meus companheiros, mas ao
intervalo, no balneário, toda a gente me
abraçava e, no fim, quando vi o telemóvel,
tinha imensas mensagens de França e de
Marrocos. A única tristeza foi o meu pai
já não ter assistido ao jogo, por ter
morrido. Quando fiz o golo, apontei para
o céu, falei com Deus e com o meu pai.”

Tarik Sektioui

extraído da rubrica “O Golo da Minha Vida” da
edição de setembro de 2011 da DRAGÕES

REVISTA DRAGÕES DEZEMBRO 2020

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