Ecomoconhecesseessaplanta,
Júlio esquecia-se de correr e parava
diantedamoita,haurindoomáximo
quepodiadamarcantefragrância.
Pedro parava também; menos
pelocansaçodoquepelacuriosidade
emsaberoquefaziaoprimo.
- Vem,Pedrinho,cheira.Éuma
delícia!
Não que Pedro nunca tivesse
sentidoumperfume...Aliás, suamãe
erafãincondicionaldosfranceses.No
entanto,Américosempredisseraque
cheirarflores era coisa que nenhum
homemdeveriafazer,e,portanto,era
terminantemente proibido copiar o
comportamentodoprimo.
Mas aos perfumes das flores
pouco importam as ameaças
paternas.Dessaforma,àmedidaque
Pedro se aproximava, aquele aroma
inebriante mais e mais o envolvia,
fazendo daquela proibição o mesmo
que fazem os homens de gênio aos
quenãocompreendemsuasatitudes:
Pede-se a Deus para que um dia
cresçam.
Dessa forma, apesar do que
aprendera com o pai, Pedro
experimentava um ato simples,
naturalemuitoprazeroso,eaelese
entregavasemnenhumaresistência.
Depois que se satisfizeram,
Júliopegoudeumasflorescaídas
sobre a relvae disse que as levaria
como presentes. Pedro gostou da
ideia, mas preferiu arrancá-las dos
ramos.
Bem diferentes foram as
reações dos respectivos pais.
Enquanto Armando e Dulce se
encantaram com o gesto de Júlio, e
passaramasorvercadaumasuaflor,
AméricoeBeatriz, entreolhando-see
deduzindo o que tinha acontecido,
reprovaramcom seussemblantes os
presentes que Pedro trouxera, e
fizeramsinalparaqueosjogassefora.
- Você chegou aperceber essa
minha atitude, Júlio? – perguntou o
tio,comocoraçãoopresso. - Olha,tio,fazmuitotempo...Eu
nãome lembro. Mas isso épassado;
paraquerelembrar? - Pois eu digo a você, meu
sobrinho,que sóhápoucotempo eu
compreendioenormepoderqueestá
contido no singelo ato de tomar de
uma flor, ter sensibilidade para
apreciar-lheabeleza,eteroinefável
prazerdesentir adelicadezado seu
perfume!...
Júliocompadecia-seaindamais
do tio. Mas não teve tempo para
sequer ensaiar uma palavra de
consolo, pois Américo continuava a
relataraquelatardememorável,com
vozpausada,braçoslargadoseolhar
perdido.