O ÚLTIMO EMPECILHO
É fácil reconhecer a questão da sobrevivência como um
empecilho histórico, envolvendo uma luta imensa.
É fácil reconhecer a questão da morte como um empecilho
dos mais frustrantes, não obstante todas as crenças
pertinentes.
É fácil reconhecer que as tragédias não são de exclusividade
dos outros, e que se constitui em um empecilho para o
sossego de muita gente.
É fácil reconhecer que as conquistas tecnológicas não são
isentas de sequelas, e que pelo contrário, a maior parte delas
deixam novos empecilhos a serem forçosamente enfrentados.
É fácil reconhecer o quanto a parcialidade dos sentimentos
pode trazer empecilhos dos mais diversos para um viver
pacífico, mais justo e equilibrado.
Na verdade, são infindáveis os empecilhos que se tem pela
frente, onde as próprias soluções, quando acontecem, quase
nunca são conclusivas.
Assim, estaria o ser humano fadado a nunca se desvencilhar
de pedras no caminho? Não, não estaria fadado; mas para
isto ele teria que abandonar-se ao Desconhecido.
É certo que este abandono é pra lá de complicado, até porque
a consciência humana é fruto do conhecimento; contudo,
vale a alegria de saber que esta complicação é o último
empecilho.