Covid-19 põe o Brasil sob os holofotes
Banco Central do Brasil
Correio Braziliense/Nacional - Opinião
sábado, 6 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Clique aqui para abrir a imagem
O Brasil atravessa o pior momento da pandemia. Desde
que o primeiro caso de infecção por coronavírus foi
diagnosticado no país, em 26 de fevereiro do ano
passado, o número de mortos pela covid-19 não para de
subir e já ultrapassa 260 mil. Além disso, com o atraso
na imunização dos brasileiros e sem ações
coordenadas, não há sinais de arrefecimento da crise
sanitária. Muito pelo contrário: integrantes da cúpula do
Ministério da Saúde preveem - de acordo com o jornal
Valor Econômico - um agravamento da situação nas
próximas duas semanas, com o registro de mortes
passando de 3 mil por dia. E descartam a decretação de
um lockdown nacional.
No total de mortes, em números absolutos, o Brasil fica
atrás apenas dos Estados Unidos. Mas, enquanto a
vacinação avança nos EUA e, em consequência disso,
ocorre uma queda acelerada de novos casos de
infecção e de óbitos pela covid-19 entre os americanos,
aqui acontece o oposto. Por isso, a escalada vertiginosa
do vírus no território nacional é acompanhada com
apreensão mundo afora. Ontem, o diretor-geral da
Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, afirmou que a situação brasileira coloca
em risco não apenas os vizinhos latinos latino-
americanos, mas todos os demais países.
"Se o Brasil não for sério, vai continuar afetando todos
os vizinhos e além", disse Ghebreyesus, ao responder a
uma pergunta formulada pelo Correio, durante
entrevista coletiva on-line. Ele afirmou que a adoção de
medidas públicas de saúde em todo o país, de forma
muito agressiva, juntamente com a vacinação, seria
crucial para combater o avanço do coronavírus. "Sem
fazer nada para impactar na transmissão ou suprimir o
vírus, não acho que, no Brasil, nós conseguiremos uma
queda. Quero enfatizar isso: a situação é muito séria e
estamos muito preocupados", disse.
Apesar da oposição do governo Bolsonaro a um
lockdown nacional, cresce o número de estados que
têm decretado medidas de restrição a atividades não
essenciais e à circulação de pessoas, como Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco,
Maranhão. Na capital do país, mesmo com a decretação
do lockdown, o governador Ibaneis Rocha demonstrou
perplexidade com a quantidade de pessoas que
insistem em desrespeitar o isolamento social e os
protocolos sanitários, como o uso de máscara e de
álcool em gel. "Vão continuar saindo, vão continuar
morrendo", lamentou. Ao contrário de Bolsonaro -- que
pediu para as pessoas deixarem de "mimimi", um dia
depois de o país bater recorde de mortes --, ele preferiu
pedir a colaboração da população para frear a
disseminação do coronavírus. "Não adianta ter dinheiro
(...); não adianta ter plano de saúde (...); ninguém vai ter
leito se a gente não tomar cuidado", advertiu.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas