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Correio Braziliense/Nacional - Opinião
sábado, 6 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

A abolição da escravatura na Argentina começou em
1813, sendo confirmada pela Constituição de 1853 --
bem antes da brasileira. Ao longo do século 19 todo, o
país se meteu em guerras, uma após a outra. Por todo
esse período belicista, a Argentina pôs seus negros na
linha de frente dos exércitos, eram os primeiros a levar
tiros, às vezes de espingardas -- muitas vezes servindo
de isca para o inimigo.


O golpe final foi a grande epidemia de febre amarela de
1871, que se abateu sobre bairros afastados e de
extrema pobreza de Buenos Aires (guetos), para onde
os negros que sobraram foram transferidos.


Depois, no começo do século 20, assim como no Brasil,
houve uma enorme imigração europeia, principalmente
de italianos, que marcaram o sotaque portenho como
marcaram cá o paulistano. Devido a essa imigração em
massa, há um ditado que diz que "os argentinos são
italianos que falam espanhol e que pensam que são
ingleses". A diferença é que, a essa altura, faltou
melanina para escurecer a pele da população restante.


De acordo com alguns historiadores, o efeito mais
duradouro da influência africana na Argentina aconteceu
na cultura artística musical, o tango, que fazia parte das
cerimônias religiosas dos cativos conhecidas como
tangós. Eram mestiços os primeiros compositores de
tangos.


A Argentina teve, sim, presença negra, assim como o
Brasil e, em certo momento, na mesma proporção. Logo
após a independência, aboliu o regime escravista e pôr
em marcha uma política de branqueamento da
população. Algo equivalente a genocídio. Diga-se de
passagem, na República Velha, isto foi motivo de inveja
por parte do governo brasileiro. Nessa história, não há
inocentes.


Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas

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